DETALHES
Disciplina de natureza Teórica de nível Doutorado, com carga horária de 60 horas e 2 créditos.
- Número de vagas:
- 30
- Período:
- 15/07/2024 a 19/07/2024
- Pré-requisitos:
- Sem pré-requisito.
- Área(s) de Concentração: Toxicologia Ambiental
HORÁRIO
Dia | Início | Fim |
---|---|---|
Segunda-feira | 09:00 | 16:30 |
Terça-feira | 09:00 | 16:30 |
Quarta-feira | 09:00 | 16:30 |
Quinta-feira | 09:00 | 16:30 |
Sexta-feira | 09:00 | 16:30 |
PROFESSORES
Nome |
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Ariane Leites Larentis |
Lia Geraldo da Silva Augusto |
EMENTA
"A investigação de doenças em trabalhadores expostos a compostos tóxicos envolve aspectos fundamentais, como a caracterização da exposição e os fatores ambientais e individuais que possam influenciar o seu desfecho (Carvalho et al, 2017).Problema frequente é a exposição simultânea a misturas, pois a toxicidade de uma combinação de compostos não é equivalente à soma de cada um separado, uma vez que eles podem interagir entre si e produzir efeitos adversos até mais graves ou competir entre si. Grande desafio é avaliar a associação entre exposição, em especial em baixas doses, e efeitos sistêmicos, considerando as características toxicológicas do produto, condições de exposição/condições gerais do trabalho, concentração ambiental e/ou dose de exposição, vias de absorção, tempo e frequência de exposição e fatores intrínsecos ao indivíduo exposto. A toxicologia hegemônica pode levar a interpretações que não dão conta da proteção das populações expostas, particularmente dos trabalhadores envolvidos nestes processos. Para muitos compostos não há no Brasil valor de referência para concentração interna. Ainda, é essencial que, independente de se ter ou não um limite estabelecido, a interpretação desses achados deve ser muito cautelosa devido a limitações próprias do campo da ciência, a exemplo das exposições a misturas, que podem provocar efeitos sinérgicos ou aditivos (Friedrich, 2013), principalmente para compostos com mecanismos de ação semelhantes (Friedrich et al., 2018), induzindo efeitos mesmo em baixas doses. Igualmente, existem efeitos que não são dose-dependentes, como é caso do câncer, não havendo dose segura de exposição. A toxicologia hegemônica sustenta-se no dogma secular que ""a dose faz o veneno"" e, portanto, as maiores concentrações de um produto químico devem ter efeitos maiores. Um ou mais fatores de segurança são então aplicados ao NOAEL para calcular uma ?dose de referência?, supostamente segura para humanos ou animais. No entanto, esta dose ""segura"" raramente é testada, sendo baseada unicamente no pressuposto de que as relações entre a dose e o efeito são monotônicas e, portanto, nenhum efeito adverso pode ocorrer abaixo do NOAEL. No entanto, existem relações não-monotônicas entre a dose e o efeito (Vandenberg, 2014). Um tipo específico de efeito não monotônico é a hormese, que refere-se à ocorrência de uma relação dose-resposta bifásica, onde doses elevadas causam efeitos inibitórios e baixas doses causam efeitos estimulatórios (Calabrese et al., 1987; Calabrese, 2005, 2008). Em síntese, muitas questões escapam ao simples estabelecimento de um valor de referência, uma vez que o valor normal de agrotóxicos no organismo é zero, e qualquer valor diferente disso é indicativo de exposição, com risco potencial de manifestação de diversos efeitos tóxicos, agudos e crônicos. Considerando essa premissa, espera-se discutir e avançar na compreensão dos conceitos da toxicologia e da vigilância popular em saúde para uma melhor caracterização destas exposições e dos processos de saúde e doença no campo da saúde do trabalhador."Categoria: Curso de Inverno- alunos do 2º semestre de curso.
Pré-requisito: Que seja graduado, Carta de intenção do candidato.
Informação sobre as aulas: Presencial .
Candidatos externos: Serão aceitos Alunos Graduados, Alunos dos Programas de Strictu Sensu da ENSP, Alunos de outros Programas de Strictu Sensu da Fiocruz, Alunos dos Programas de Strictu Sensu, Alunos estrangeiros, Outro: .
Vagas: Mínimo 05 e máximo 15.
A disciplina não ofertará vagas para Estágio em Docência.
BIBLIOGRAFIA
"Breihl J. Epidemiologia Crítica: ciência emancipadora e interculturalidade. Editora Fiocruz, 2006.Calabrese EJ. Paradigm lost, paradigm found: The re-emergence of hormesis as a fundamental dose response model in the toxicological sciences. Environmental Pollution 138(3):379-412, 2005.
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Calabrese EJ, McCarthy ME, Kenyon E. The occurrence of chemically induced hormesis. Health Physics 52(5):531-541, 1987.
Carneiro FF, Augusto LGS, Rigotto RM, Friedrich K, Búrigo AC. Dossiê ABRASCO: um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde [Internet]. 1st ed. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: EPSJV; São Paulo: Expressão Popular; 2015. Disponível em: http://www.abrasco.org.br/dossieagrotoxicos/wp-content/uploads/2013/10/DossieAbrasco_2015_web.pdf .
Carvalho LVB, Costa-Amaral IC, Mattos RCOC, Larentis AL. Exposição ocupacional a substâncias químicas, fatores socioeconômicos e saúde do trabalhador: uma visão integrada. Saúde em Debate, v. 41, n. spe 2, p. 313-326, 2017.
Friedrich K. Desafios para a avaliação toxicológica de agrotóxicos no Brasil: desregulação endócrina e imunotoxicidade. Vigilância Sanitária em Debate: Sociedade, Ciência & Tecnologia, 29, 2013. Disponível em: https://visaemdebate.incqs.fiocruz.br/index.php/visaemdebate/article/view/30. Acesso em: 16/5/2016.
Friedrich K, Gurgel AM, Mello MSC, Almeida VES, Augusto LGS. Registro de agrotóxicos no Brasil: um processo enviesado. In: AM Gurgel, MOS Santos, IGD Gurgel (Eds.); Agrotóxicos: vulnerabilidades socioambientais, político-institucionais e teórico-metodológicas. 1st ed., p.28, 2018. Recife: Ed. Universitária da UFPE.
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Larentis AL, Carvalho LVB, Goncalves ES, Costa-Amaral IC. Crítica da abordagem toxicológica nas avaliações de exposições de trabalhadores a substâncias químicas a partir da perspectiva do MOI. Ambiente de trabalho: a luta dos trabalhadores pela saúde (reedição CESTEH). Rio de Janeiro: Hucitec (aceito).
Santos MVC, Figueiredo VO, Arcuri ASA, Costa-Amaral IC, Goncalves ES, Larentis AL. Aspectos toxicológicos do benzeno, biomarcadores de exposição e conflitos de interesses. RBSO 42(n. suppl 1):e13s, 2017.
Vandenberg LN. Non-monotonic dose responses in studies of endocrine disrupting chemicals: bisphenol a as a case study. Dose-response : a publication of International Hormesis Society, v. 12, n. 2, p. 259?76, 2014. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24910584."