Leituras sobre Saúde, Trabalho e Marcadores Sociais (ENSP.04.728.2)

DETALHES

Disciplina de natureza Teórica de nível Doutorado, com carga horária de 60 horas e 2 créditos.

Número de vagas:
15
Período:
25/08/2022 a 17/11/2022
Pré-requisitos:
Sem pré-requisito.
Área(s) de Concentração:
Determinação dos Processos Saúde-Doença: Produção/Trabalho, Território e Direitos Humanos

HORÁRIO

Dia Início Fim
Quinta-feira 8h 12h

PROFESSORES

Nome
Flávio Astolpho Vieira Souto Rezende
Élida Azevedo Hennington

EMENTA

Considerando a categoria trabalho central na sociabilidade humana e na busca de emancipação, a disciplina discute as relações entre saúde, trabalho e marcadores sociais no contexto dos modos de vida e trabalho, das relações sociais de produção/reprodução e consumo e do uso e ocupação dos territórios. Os marcadores sociais são um campo de estudo que tenta explicar como são constituídas socialmente as desigualdades e hierarquias entre pessoas e grupos formando grandes eixos da diferenciação social. As expressões da exploração/dominação/opressão sobre grupos sociais a partir da raça/etnia, gênero, classe social, sexualidade, geração/idade e outras marcas são construídas pela sociedade, porém tidas como se fossem ?naturais?. A partir de uma abordagem interseccional, pretende-se ir além do simples reconhecimento dos diversos sistemas de opressão / dominação / discriminação, postulando-se a interação desses marcadores sociais na produção e reprodução das desigualdades e injustiças sociais. Esse quadro teórico pode ser usado para entender como a injustiça e a desigualdade social estrutural e sistêmica ocorrem em uma base complexa e multidimensional. É preciso não só refletir sobre como essas diferenças são construídas e perpetuadas ao longo do tempo, suas determinações sócio-históricas, mas também como elas se interconectam, se entrelaçam, interagindo em níveis múltiplos e muitas vezes simultâneos. A disciplina enfoca três principais marcadores, raça, gênero e classe social e pretende, através de leituras dirigidas, promover a reflexão e colocar em debate questões como saúde do trabalhador e abordagem interseccional, precarização do trabalho, racismo estrutural, mercado de trabalho, relações de gênero. Importa refletir como as relações interseccionais de poder no capitalismo influenciam tanto as relações sociais marcadas pela diversidade como as experiências cotidianas da classe-que-vive-do-trabalho.

Categoria: Eletiva.

Pré-requisito: Não há.

Informação sobre as aulas: Serão em formato remoto.

Candidatos externos: Serão aceitos Alunos dos Programas de Strictu Sensu da ENSP, Alunos de outros Programas de Strictu Sensu da FIOCRUZ, Alunos de outros Programas de Strictu Sensu, Graduados.

Vagas: Mínimo 05 e máximo 15.

A disciplina ofertará 01 vaga para Estágio em Docência e os pré-requisitos são ser aluno de doutorado, Ser aluno de Mestrado

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