Estudo sistematiza programa de promoção da saúde
Atualizado em 01/07/2013
"Sistematizar o Projeto Acari, iniciado numa escola municipal da zona norte do Rio de Janeiro, situada em território marcado por situações de pobreza, violência e segregação social". Esse foi o objetivo da pesquisa de Carmelinda Monteiro Costa Afonso, que defendeu sua tese de doutorado em Saúde Pública na ENSP, em 24 de junho. O projeto, conforme ela explicou, tomou a promoção da saúde como modelo norteador das ações e se organizou coletivamente em torno dos capitais social e cultural no enfrentamento de adversidades e iniquidades presentes no contexto, além das atividades terem sido estendidas à comunidade local.
O Projeto Acari disponibiliza atividades e oficinas à comunidade do bairro Parque Columbia, como casa de leitura, que realiza oficina de leitura e literatura para crianças e atende 90 pessoas por dia, Cine Pipoca (quinzenal), locação de livros, oficina de leitura itinerante nas escolas e creches parceiras, oficina de balé para 160 crianças e jovens de 5 a 18 anos, além de oficinas de música para 220 pessoas, entre adultos, jovens e crianças, e também oficinas de canto e fotografia.
A pesquisa também visou à identificação das fases ou inflexões no período de 1999 - 2011, que foram importantes na readequação do programa, a fim de atingir seus objetivos ou finalidade específica, e ainda as evidências empíricas do capital social, capital cultural e empoderamento, e a importância dessas categorias nas ações do Projeto Acari. O Instituto C&A é a principal empresa parceira desse projeto.
Segundo Carmelinda, da sistematização emergiram as categorias empíricas participação social, mobilização social e redes sociais. Essas categorias operaram durante o período estudado, que foi dividido em três ciclos ou fases identificados a partir de eventos específicos. “A mobilização, participação e empoderamento dos agentes sociais locais em articulação inicial com a escola pública foram imprescindíveis na proposição e sustentabilidade do programa”, salientou.
Ela disse que houve uma ressignificação da escola, como parte do conjunto de valores simbólicos desenvolvidos pelo Projeto Acari. De acordo com ela, o Projeto Acari foi capaz de gerar para a escola a readequação do projeto político-pedagógico e do currículo escolar, a inserção das oficinas que depois foram disponibilizadas à comunidade, a formação de um conselho comunitário, a formação de diferentes redes sociais dentro e fora do âmbito escolar - inclusive com unidades de saúde em bairros próximos e, ainda, a inserção de hábitos diários de escovação dentária infantil com a construção de um "escovódromo".
Como parte dos ganhos coletivos do projeto, citou Carmelinda, ocorreu o fortalecimento das ações intersetoriais, a mobilização das representações locais, como igrejas e associações de moradores, e a construção da cultura cívica e das relações baseadas na solidariedade social e confiança.
Carmelinda Monteiro Costa Afonso, graduada em Farmácia, tem mestrado em Atenção à criança e ao adolescente pela Universidade Federal Fluminense e especialização em Promoção da Saúde e Desenvolvimento Social pela ENSP (2008). Ela desenvolveu projeto de pesquisa em educação para saúde com crianças do ensino fundamental, utilizando estratégias lúdicas como principal ferramenta, de 2008 a 2010. Sua tese foi orientada pelas pesquisadoras da ENSP Vera Lucia Luiza e Regina Cele de Andrade Bodstein.