Pesquisa indica polarização na reciclagem de produtos

Atualizado em 23/01/2014

Amanda de Sá

Pesquisa indica polarização na reciclagem de produtos"A falta dos serviços de beneficiamento industrial e de transformadores de plástico nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte gera a necessidade de transporte rodoviário dos materiais recicláveis ao Sudeste do Brasil, fazendo com que os custos muitas vezes tornem a cadeia da reciclagem inviável". A observação é da aluna de mestrado profissional em Saúde Pública da ENSP, Liége Castelani. Os resultados da dissertação Análise da cadeia de reciclagem do plástico e suas potencialidades no Brasil, orientada pela professora. Débora Cynamon Kligerman, demonstraram que há forte polarização dos serviços da reciclagem no Sudeste e Sul do Brasil e fraco desenvolvimento destes serviços necessários à cadeia da reciclagem nas outras regiões. Além disso, a aluna destacou que apesar dos avanços na legislação, ainda há precariedade na coleta, seleção, tratamento e destinação final de resíduos na maior parte dos municípios do Brasil.

Segundo Liége, este trabalho buscou compreender todo o fluxo da reciclagem do plástico e identificou  a distância entre as empresas recicladoras e as regiões citadas como a principal fragilidade dos programas públicos de aproveitamento destes materiais. A pesquisa salientou a importância da gestão das cadeias de reciclagem de forma integrada, apreciando o processo industrial a que está submetida como meio de viabilizar as metas de ampliação do aproveitamento de materiais previstas na versão preliminar do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

Pesquisa indica polarização na reciclagem de produtosDe acordo com a aluna, o plástico foi definido como material central para a pesquisa  em consequência da tendência de ampliação de mercado para este material e ainda em função da sua participação em percentual nos resíduos sólidos. "A quantidade de plástico só perde para a quantidade de materiais orgânicos", observou.

Entre os objetivos do estudo, destacam-se a composição de um panorama aproximado da reciclagem de resíduos sólidos no Brasil e sua relação com o número e porte de empresas recicladoras do plástico instaladas, visando compreender os fluxos e a polarização de demanda industrial geradora de valor, além do detalhamento dos requisitos da logística de mercado do plástico reciclável, para avaliar a viabilidade de produção deste material nas regiões mais distantes dos centros de produção.

A pesquisa baseou-se no levantamento de dados e de características da reciclagem para a demarcação dos atores responsáveis pelos serviços realizados neste setor, bem como a análise quantitativa de sua disponibilidade no Brasil, comparando-se às diferentes regiões do país. Foi realizado também o estudo da definição de custos de transporte rodoviários de materiais recicláveis para analisar a viabilidade de transporte de recicláveis aos grandes centros recicladores.

De acordo com os resultados observados, Liége afima que é necessária a ampliação do foco das políticas públicas destinadas a impulsionar a Política Nacional de Resíduos Sólidos para implantar o equilíbrio de mercado na cadeia de reciclagem nas diferentes regiões do Brasil. "O planejamento de implantação da reciclagem deve levar em consideração que a viabilidade do fluxo de aproveitamento do material é determinante para o sucesso dos programas", afirmou.

Liége Cardoso Castelani possui graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Sua dissertação de mestrado profissional em Saúde Pública, intitulada Análise da cadeia de reciclagem do plástico e suas potencialidades no Brasil, foi apresentada na ENSP no dia 10/01, sob a orientação da professora Débora Cynamon Kligerman.