Saúde da Família: infraestrutura é problema em Manaus

Atualizado em 13/05/2014

Saúde da Família: infraestrutura é problema em Manaus“Os profissionais das Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF) de Manaus desenvolvem suas práticas em ambientes desfavoráveis, tanto do ponto de vista das condições de trabalho no espaço físico, como dos territórios em que atuam. A infraestrutura das unidades é um fator que dificulta a realização do processo de trabalho, portanto, é um produtor de insatisfação.” Foi a conclusão a que chegou a aluna de doutorado em Saúde Pública da ENSP, Arlete Lima Simões, que defendeu sua tese intitulada Trabalho e saúde de equipes da Saúde da Família em contextos socioambientais vulneráveis no município de Manaus, em 23/4 na Fiocruz Amazônia, sob orientação do pesquisador da Escola Carlos Machado de Freitas.

Para ela, embora os trabalhadores reconheçam estar num contexto de importantes vulnerabilidades, as entrevistas coletadas revelaram que os contextos repercutem muito menos em suas práticas laborais do que a infraestrutura inadequada das condições de trabalho, como a falta de materiais e equipamentos necessários para a produção de saúde no território.

Saúde da Família: infraestrutura é problema em ManausComo proposta para garantir a promoção de ambientes saudáveis em consonância com as ações em Saúde do Trabalhador, Arlete aponta a implementação de um planejamento harmonizado com a realidade concreta desses trabalhadores. “Isso implica em inserí-los nesse processo, e também implementar ações no âmbito da UBSF em consonância com o preconizado na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), quanto à garantia de infraestrutura necessária à realização das atividades.”

A Estratégia Saúde da Família (ESF) representa a política considerada fundamental do Sistema Único de Saúde (SUS) no âmbito da atenção básica, voltada para imprimir mudanças na reorganização e reorientação das práticas de saúde, desenvolvidas na lógica do trabalho em equipes. Nesse modelo de atenção à saúde, o processo de trabalho assume características peculiares como a definição de território de atuação e o desenvolvimento de um conjunto de ações de saúde, visando interferir no processo saúde-doença da população.

Desse modo, explica Arlete, para a realização desse conjunto de ações de saúde, o território de atuação não é só o ambiente das condições de vida e saúde da população, mas também o ambiente do processo de trabalho e saúde dos profissionais da atenção básica.

“No contexto do tema da Saúde do Trabalhador, torna-se relevante compreender como os profissionais desenvolvem suas práticas nos territórios sobre os quais assumem responsabilidade sanitária”, destacou. Por isso, o interesse da aluna nessa pesquisa, cujo objetivo foi fazer um estudo de caso, no âmbito da abordagem qualitativa com utilização das técnicas da observação participante, entrevistas e grupo focal.

De acordo com a aluna, as doenças que mais afetam a população são as infecciosas e parasitárias (DIP), podendo estar relacionadas às condições inadequadas de saneamento, que combinadas com fatores ambientais favorecem a ocorrência de infecções respiratórias, em virtude da umidade presente em moradias precárias. Outros dois grupos de agravos relevantes em termos de morbidade são doenças do aparelho respiratório e neoplasias. De igual modo, as causas externas sinalizam de forma significativa como importante causa de mortalidade

A pesquisa de campo foi realizada no período de abril a junho/2013, desenvolvida numa área de importantes vulnerabilidades socioambientais no município de Manaus, com a presença de equipes Saúde da Família. A população da cidade corresponde a 1.802.014, ocupando um território de 11.401,092 km², densidade demográfica de 158,06 hab/km², sendo que o bairro da Compensa, local onde ocorreu o estudo, constitui o quarto mais populoso com 75.832 habitantes, mas se destaca como o primeiro em população, dentro da zona oeste da capital (IBGE, 2010).

Sobre a autora

Arlete Lima Simões é assistente social, com mestrado em Direito Ambiental pela Universidade do Estado do Amazonas (2008), e servidora da Secretaria de Estado da Saúde (Susam) e da Secretaria Municipal de Saúde Manaus (Semsa).