Dengue: estudo da ENSP identifica problemas na APS do RJ
Atualizado em 29/05/2015

Conforme aponta a pesquisa, o município do Rio de Janeiro teve 323.075 residentes notificados como suspeitos de dengue entre os anos de 2011 e 2013. Desse montante, a AP 33 foi responsável por 16%, totalizando 50.261 notificações. A distribuição dos casos notificados segundo o sexo mostrou que a população feminina foi discretamente superior que a masculina. O perfil etário dos suspeitos de dengue com maior número de notificações foi de 20 a 39 anos, porém também foi observado um número maior de notificações de crianças de 0 a 9 anos de idade no ano de 2011.

Quanto aos óbitos, observa a pesquisa, foram registrados 41 entre os residentes da AP 33, sendo 50% por dengue, com maior número de ocorrências em 2011, o que pode sugerir que a introdução de um novo sorotipo aumentou a gravidade e o número de óbitos dos pacientes com dengue. Em 2012, houve um surto de dengue em algumas regiões do RJ. Os residentes da AP 33 foram responsáveis por 19% das notificações do município.
Danielle explicou que a letalidade entre os residentes da AP 33 foi acima do limite recomendado pela OMS (1%), variando de 5,8% a 11,7%. “Devemos considerar a falta de acurácia deste dado, uma vez que o número de casos classificados foi pequeno, o que sugere a subnotificação de casos graves, e com isso, superestimação da letalidade.”
Em relação ao déficit de profissionais na AP 33, a aluna considera que devem ser investigados os fatores determinantes como alta rotatividade de profissionais, áreas de intensa violência urbana e falta de renovação no quadro de estatutários, pois estes interferem diretamente no percentual de completude das equipes da estratégia da saúde da família. Faltam treinamentos, com periodicidade mínima anual, e também qualificação no preenchimento das fichas de notificação e investigação.
Por fim, chama a atenção na pesquisa o intenso deslocamento de mais de um terço dos residentes da AP 33 para unidades de saúde de outras APs, principalmente para bairros de áreas programáticas vizinhas à AP 33. “Esse perfil deve ser analisado, pois pode representar a visão ‘hospitalocêntrica’ da população, em busca por atendimento próximo aos locais de trabalho ou estudo, podendo também sugerir dificuldades de acesso dos residentes da AP 33 à Atenção Primária”, finalizou.
Danielle Amaral de Freitas é graduada em Enfermagem e Obstetrícia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2000), com especialização em Enfermagem Clínica e Cirúrgica (Unirio), Terapia Intensiva (Uerj), e Saúde Pública (ENSP/Fiocruz). Atualmente atua na Divisão de Vigilância em Saúde CAP 3.3, e no Instituto de Atenção à saúde São Francisco de Assis/UFRJ.
(* Foto Danielle: arquivo pessoal)
(* Foto Danielle: arquivo pessoal)