Pesquisa sobre tuberculose recebe menção honrosa no Prêmio de Incentivo em C&T
Atualizado em 01/02/2017

"Além de apoiar pesquisas que fortalecem o SUS, este prêmio, no meu caso, foi muito importante por ser uma forma de gerar visibilidade para os indígenas e reconhecer e incentivar pesquisas com esses povos. Em 2010, a Tatiana Eustáquia Magalhães, aluna do pesquisador Paulo Basta, foi vencedora, na categoria 'monografia de especialização', com o trabalho Contribuição de um sistema de vigilância de base territorial para o controle da tuberculose em terras indígenas do estado de Rondônia, Amazônia, Brasil. Isso é importante para demonstrar que as pesquisas na saúde indígena não só são necessárias, mas também reconhecidas - o que é muito legal para motivar e trazer novas pessoas para a área", admitiu Laís, que atualmente é aluna de doutorado da ENSP.
Os indígenas estão entre os grupos mais acometidos pela tuberculose no Brasil. No DSEI do Mato Grosso do Sul, onde está cadastrado o maior contingente populacional de indígenas, é registrada a maior quantidade de casos de tuberculose entre esses povos no país. Dessa forma, o trabalho premiado tem o potencial de contribuir para o aperfeiçoamento da saúde, uma vez que fornece evidências que podem subsidiar a elaboração de estratégias para o fortalecimento da vigilância e controle da tuberculose no contexto da saúde indígena.
Resultados
Seguindo critérios adotados pela autora, de forma geral, o acompanhamento dos pacientes ocorreu de maneira "boa ou excelente" na maioria dos casos. Dos 166 casos, 157 evoluíram para cura e apenas dois abandonaram o tratamento. Entretanto, observou-se demora na detecção dos casos, que normalmente ocorre por busca ativa da equipe de saúde indígena dentro das aldeias. "Neste período de tempo entre o desenvolvimento dos sintomas até o diagnóstico, a doença pode ser transmitida para os familiares e contatos", comentou.
Os resultados sugerem que investir na busca ativa, fortalecer a relação entre indígenas e equipe de saúde como forma de aumentar a procura pelo serviço de saúde e aumentar o número de contatos examinados podem ser estratégias importantes para quebrar o ciclo de transmissão da tuberculose dentro das aldeias. A dissertação foi orientada pelos pesquisadores Reinaldo Souza Santos e Paulo Basta, do departamento de Endemias Samuel Pessoa.
Para a coordenadora do Programa de Epidemiologia da ENSP, a pesquisadora Letícia Cardoso, o reconhecimento vai ao encontro da missão institucional da Escola. "A premiação traz reconhecimento a um grupo de pesquisa que há muito tempo defende a saúde indígena no Brasil está vinculado ao PPG de Epidemiologia e Saúde Pública. A premiação demonstra o que temos buscado como prioridade dentro das linhas de pesquisa do PPG: o compromisso com o desenvolvimento de trabalhos de alta qualidade acadêmica e com o impacto sobre os problemas de saúde da população brasileira e sobre a atenção à saúde por meio do Sistema Único de Saúde, fazendo assim também cumprir a missão institucional da Escola na formação strictu sensu e na pesquisa”.
O prêmio
O Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS é realizado pelo Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) do Ministério da Saúde desde 2002 e tem por objetivo premiar trabalhos técnico-científicos que atendam às necessidades de saúde no âmbito do SUS. Neste ano foram quatro categorias: trabalho científico publicado, tese de doutorado, dissertação de mestrado e monografia de especialização ou residência.
Veja aqui os finalistas.