'Relações entre contexto socioambiental e dengue no RJ' é tema de pesquisa da ENSP
Atualizado em 03/11/2020

O estudo avaliou a utilização de unidades espaciais contínuas e homogêneas segundo fatores socioambientais para potencializar a compreensão da dinâmica de ocorrências da dengue no ambiente urbano do município do Rio de Janeiro. Trata-se de estudo ecológico de base territorial tendo os limites dos bairros como unidade de análise. A população do estudo foram os casos notificados de dengue na cidade do Rio de Janeiro no período de 2010 a 2018.
Como resultado final, descreveu Julia, foram apresentados mapas das taxas de incidências de casos de dengue calculadas para os anos 2011, 2012, 2013 e 2016, anos de ocorrência de epidemias, que permitiram comparar as taxas de incidências ano a ano de acordo com suas distribuições utilizando como unidade espacial de análise, as Área de Planejamento em Saúde (APs) municipais e as novas regiões de saúde geradas pela regionalização contextual.
Com a análise das taxas de incidência, de acordo com os diferentes agrupamentos ao compararmos sua espacialização, observa a aluna, o comportamento das taxas variou de forma diferente para cada ano epidemiológico apresentado. “De fato, foi possível observar a generalização da taxa ocorrendo superestimação principalmente em grandes áreas territoriais, e em alguns momentos subestimação em áreas formadas por um número grande de bairros. Até em período comparativo com menor número de casos foi possível observar pequenas variações entre os diferentes agregados espaciais.”
A pesquisa ainda relatou que as Áreas de Planejamento de Saúde (APs) criadas em 1993, quando comparadas com uma regionalização contextual, também permite mostrar o crescimento da população e mudanças sociais e ambientais da cidade do Rio de Janeiro nos últimos 27 anos e, como os territórios de saúde, tornam-se cada vez mais complexos e que sua divisão sem considerar perfis de agrupamento dificulta o entendimento do processo de saúde-doença.
Dessa maneira, completou a aluna, o uso de metodologias de análise espaciais que permitam agregar os bairros de forma homogênea baseado em indicadores situacionais trazem novas perspectivas que podem melhorar o planejamento de políticas públicas de saúde e principalmente o combate efetivos de arboviroses como a dengue, uma vez que identifica áreas estratégicas que devem receber maior atenção.
Julia acrescentou que a metodologia empregada no estudo foi capaz de identificar novos padrões, principalmente, em áreas onde antes havia agrupamentos mais heterogêneos de bairros, mesmo trazendo um contexto para dengue, o estudo utiliza variáveis contextuais importantes para outros processos de adoecimento permitindo a sua empregabilidade de uma forma mais ampla dentro da territorialização em saúde.
Sobre a aluna
Julia Novaes de Barros Peixoto é responsável pela equipe de Dados e SIG do projeto World Mosquito Program Brasil / Fiocruz (2018). Já atuou como analista de dados e geoprocessamento do Projeto Eliminar a Dengue: Desafio Brasil da Fiocruz, atualmente com o nome de World Mosquito Program Brasil / Fiocruz (2015) . Com mestrado em Epidemiologia em Saúde Pública com ênfase em Métodos Quantitativos pela ENSP (2020), é graduada em Engenharia Cartográfica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2014).