ENSP oferece curso sobre Cuidados Paliativos com ênfase na APS
Atualizado em 09/01/2019

A especialização tem coordenação de Valeria Lino, do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria, e Marcos Besserman Vianna e Ernani Costa Mendes, ambos do Departamento de Direitos Humanos, Saúde e Diversidade Cultural da ENSP.
Os cuidados paliativos consistem nos cuidados de saúde ativos e integrais prestados à pessoa com doença grave, progressiva e que ameaça a continuidade de sua vida, segundo o Instituto Nacional do Câncer. Com base nesse conceito e na determinação da Organização Mundial da Saúde para que a atenção primária assumisse esse modelo de atenção, o curso traz uma abordagem que visa manter a dignidade do paciente que sofre com a doença crônica, evolutiva e também em estágio terminal. Em 2018, o Ministério da Saúde, por meio da Resolução 41, de 31 de outubro de 2018, reconheceu a necessidade desse tipo de cuidado em todas as instâncias do SUS.
“O link entre os cuidados paliativos e a APS é a assistência do paciente no seu domicílio. É prestar assistência para esse paciente no seu lar, no seu território. Isso é extremamente importante, está na base do SUS, garantindo a integralidade da atenção”, esclareceu Ernani Mendes.
O primeiro curso público sobre cuidados paliativos no Rio de Janeiro trará uma abordagem inovadora, com estágio prático que possibilitará ao aluno participar de visitas técnicas em nível domiciliar, ambulatorial e hospitalar – locais onde os pacientes transitam –, com um viés multidisciplinar. “Quando falamos em estágio avançado de doenças e perguntamos a um indivíduo onde ele deseja morrer, a grande maioria responde que almejaria falecer na sua casa, com a família, no seu conforto. A atenção familiar e os cuidados paliativos pela atenção primária têm a proposta de propiciar isso aos indivíduos”, admitiu Valeria Lino.
O curso está sendo lançado num cenário de cortes na saúde do município do Rio de Janeiro. Na opinião da médica do Centro de Saúde, o momento não é de retroceder, mas de fortalecer as equipes para melhoria da saúde da população. “Quem vai à casa do doente é a equipe da saúde da família. Eles têm condições de abordar os pacientes com doenças crônicas avançadas, sem possibilidade de cura, e que são aquelas passiveis de serem cuidadas por cuidados paliativos. Por isso, tendência é iniciar esse modelo de cuidado da forma mais precoce possível. A OMS e o Ministério da Saúde recomendaram que a APS garanta esse modelo, portanto, reduzir as equipes do município é um grande retrocesso, torcemos para que isso não se concretize”.