Divulga ENSP: projeto auxilia pessoas com estresse pós-traumático
Atualizado em 26/01/2021
Mas, você deve estar se perguntando: "Onde essas informações se cruzam?" Esses e outros tipos de violência podem trazer danos, lesões e traumas, chamados de Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT), e levam as pessoas expostas a esse tipo de situação a procurar o sistema de saúde.
Segundo a pesquisadora Cecília Minayo, “violência causada por guerras e conflitos armados e seus efeitos, violência interpessoal, conflitos familiares, conflitos entre gangues ou quadrilhas, tentativas de suicídio, acidentes de trânsito, violência sobre a população que mora nas ruas e contra outras populações vulneráveis como crianças, mulheres e idosos, acidentes e negligências, provocando lesões e envenenamentos, sobretudo no lar, são situações de violência que sobrecarregam o sistema de saúde.” E devido à grande procura por auxílio, o sistema de saúde vem dando atenção especial para melhor atender esses pacientes.
Percebendo a necessidade do sistema, um projeto inicial de pesquisa e inovação no atendimento a pessoas que passaram por violência, intitulado “NET para sobreviventes de violência: uma proposta piloto de implementar atendimento terapêutico nos serviços de atenção básica para pacientes com sintomas de TEPT”, foi implementado dentro de três unidades de saúde do município do Rio de Janeiro. O projeto, criado pela pesquisadora Fernanda Serpeloni em parceria com a Dra. Anke Köbach da Universidade de Konstanz (Alemanha), alia pesquisa-clínica visando à promoção do bem-estar da população vivendo em contextos de vulnerabilidade O trabalho é realizado a partir de uma colaboração internacional do Claves/ENSP com a Universidade de Konstanz, Alemanha, e conta com a participação das Profas. Simone de Assis e Joviana Avanci.
Para a implementação da NET dentro das unidades de atendimento, o projeto é formado por dez profissionais de saúde, dentre eles médicos de família, enfermeiros, psicólogos e psiquiatras, treinados pelas coordenadoras do projeto, Fernanda Serpeloni, e a pesquisadora da Universidade de Konstanz, da Alemanha, Anke Köbach. Com isso, eles se tornaram aptos para abordar os casos de violência no tratamento de estresse pós-traumático de pacientes em situação vulnerável.
O projeto cresceu e, entre o ano de 2018 e 2019, formou 40 novos profissionais para abordar os casos de violência no tratamento do estresse pós-traumático (TEPT). Atualmente, os integrantes do projeto estão conduzindo um estudo clínico randomizado — estudos experimentais em que o pesquisador intervém num grupo de pessoas distribuídas ao acaso para receber diferentes intervenções — e controlado para a verificação da eficácia da NET com pessoas que vivem em territórios com altos níveis de violência armada. A intervenção NET será comparada com o tratamento usual a pacientes expostos à violência nas comunidades no Rio de Janeiro com sintomas de TEPT.
O estudo é realizado em três instituições coparticipantes que prestam serviço de atenção à saúde da população vivendo em contextos de vulnerabilidade da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.
Eficácia do projeto
O projeto deu tão certo que um dos produtos gerados por ele foi o estudo de avaliabilidade, conduzido pela aluna de mestrado Fernanda Catarino (IFF/Fiocruz), defendido em 2020, que contou com a orientação da pesquisadora do Departamento de Estudos sobre Violência e Saúde Jorge Careli (Claves/ENSP) Simone de Assis e coorientação da pós-doutoranda do Programa de Saúde Pública/ENSP Fernanda Serpeloni, denominado 'Terapia de Exposição Narrativa (NET): estudo de avaliabilidade em dois serviços de saúde no município do Rio de Janeiro". O estudo provou, além da viabilidade da implementação da Terapia de Exposição Narrativa (NET) nessas unidades de saúde, a relevância da formação em violência e saúde para os profissionais da atenção primária e a percepção dos profissionais sobre a NET como uma ferramenta importante para lidar com o sofrimento associado a violência e acidentes graves.
Além da tese de dissertação, o projeto gerou outros produtos, como artigos, relatório Pibic da aluna Debora Donato (orientação Fernanda Serpeloni, coorientação Simone de Assis) e uma revisão técnica da tradução do Livro de Terapia de Exposição Narrativa para o português, com prefácio de Fernanda Serpeloni, que será lançado em maio deste ano.
O infográfico, um dos produtos gerados pelo projeto, que tem como objetivo a divulgação na Web, mostra as causas e os sintomas que o transtorno de estresse pós-traumático pode causar.
Leia os artigos do projeto aqui
Além disso, os alunos participantes da capacitação criaram um grupo de Grupo de Estudos quinzenal sobre trauma e estresse, quando são abordados temas associados ao projeto, além de postados no Instagram, Psicotraumatologia
Outras ideias surgiram, e o grupo continuou criando ações para levar o tema para a sociedade. Pelo Instagram, eles disponibilizam artigos para estudos, contato direto pelo whatsapp, além do NETcast, um podcast que esclarece dúvidas referente ao tema.