ENSP debate os cenários de prática no contexto da pandemia

Atualizado em 22/04/2021

O Seminário de Ensino ENSP 2021 trouxe para discussão o debate sobre os cenários de prática no contexto da pandemia – uma questão fundamental para a assistência. O painel foi dividido em quatro subtemas: Gestão de Cenário de Prática no contexto da pandemia; Experiências de Residência Médica em Medicina de Família e Comunidade; Experiências da Residência Multiprofissional em Saúde da Família; e Experiências da Residência Multiprofissional em Saúde do Trabalhador. O coordenador-geral de Pós-Graduação Lato Sensu da ENSP, Rafael Arouca, mediou a mesa.



Gestão de Cenário de Prática no contexto da pandemia no Centro de Saúde Escola da ENSP

A coordenadora de Ensino do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF/ENSP), Inês Nascimento de Carvalho Reis, apresentou os objetivos gerais da Coordenação de Ensino - que atua no Centro de Saúde, na Clínica Victor Valla e no Caps – entre eles, contribuir para integração entre processos do Ensino com os do Cuidado. Em seguida, Inês Reis contextualizou as mudanças na história mundial de 2020 e o Ensino.

“A instituição ampliou seus fóruns de participação na intenção de poder dimensionar, alterar e qualificar seus processos de trabalho em função da pandemia, estando a Coordenação de Ensino presente em todas as instâncias convidadas. A dimensão do CSEGSF, como uma sala de aula expandida, é um grande diferencial na ENSP, acarretando em elaboração de Procedimento Operacional Padrão (POP) para estágio, internato e residência”, destacou ela. 



Após a apresentação de Inês Reis, a supervisora de estágio do Centro de Saúde, Janete Romeiro, e o ex-estagiário também do Centro de Saúde, Bruno de Souza, contaram suas experiências sobre como coordenar e participar do estágio remoto. Do ponto de vista do Centro de Saúde, Janete ressaltou a importância da experiência e as lições aprendidas; e Bruno pontuou o quanto estar dos dois lados do campo (presencial e à distância) agregou em sua formação profissional. Bruno fez dois anos de estágio no CS: o primeiro, na pré-pandemia, e o segundo, durante a pandemia. 

Experiências de Residência Médica em Medicina de Família e Comunidade

Para falar sobre a Residência Médica em Medicina de Família e Comunidade, participaram da apresentação a coordenadora da Residência, Melina Izecksohn, a residente Carolina Lemos, e a preceptora Natalia Queiroz. O primeiro tópico debatido foi acerca dos impactos da pandemia, especialmente sobre como lidar com incapacidades e incertezas, como a suspensão de estágios e atividades teóricas presenciais. Segundo elas, muitas adaptações foram necessárias, desde a adequação de canais teóricos a novos estágios. Como conquistas, as participantes destacaram a reorganização do espaço do CSEGSF; o ganho de um aparelho de telefone celular por cada equipe; a equipe de resposta rápida; e a publicação do residente Luiz Amaral na Revista de Atenção Primária à Saúde, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), do projetoCuidado Remoto na APS: experiência do uso do celular em uma Equipe de Saúde da Família de área de favela durante a crise da Covid-19.



Experiências da Residência Multiprofissional em Saúde da Família

O curso de Residência Multiprofissional em Saúde da Família foi apresentado por sua coordenadora-geral, Mirna Teixeira. Iniciada em 2005, a Residência têm dezesseis anos de história, e, desde então, o residente é visto como sujeito construtor de conhecimento que aprende e transforma a realidade individual e social. De 2005 a 2021, o programa contou com 61 docentes, 59 preceptores e 346 alunos formados. 

Mirna expôs, também, as mudanças da gestão do curso no âmbito da pandemia, como mudanças nos tipos de atividades e adoção de atividades alternativas. “Foi proposta a adequação do conteúdo das Unidades de Aprendizagem frente à pandemia, mas mantendo as competências educacionais. Além disso, ferramentas educacionais, tais como comunidade virtual, Fóruns EAD, estudos dirigidos, vídeoaulas, seminários (plataforma zoom, moodle e o Microsft Meetings) e atividades em grupo com apresentação coletiva no moodle foram realizados”, explicou ela. 



Após a contextualização de Mirna sobre o curso e as mudanças trazidas pela pandemia, o preceptor do curso e enfermeiro, Júlio Cesar Pegado Bordignon, fez um relato da sua experiência e apresentou o projeto “Nem heróis nem vilões: a saúde dos trabalhadores e trabalhadoras no cenário da pandemia de Covid-19 em uma Unidade de Atenção Primária em Saúde em Manguinhos”. Finalizando a apresentação da Residência em Saúde da Família, Gabriel Rodrigues Mardegan, R2 da turma 2020/2022, falou a respeito das experiências do curso. Em sua opinião, o residente é o oxigênio para o SUS. “A residência traz para a academia as dinâmicas do campo, atualiza professores, ao mesmo tempo que, por meio de orientação, conseguimos construir um olhar sistemático sobre nossa formação”, destacou ele.

Experiências da Residência Multiprofissional em Saúde do Trabalhador

Encerrando o painel Cenários de prática no contexto da pandemia, a pesquisadora do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP) e coordenadora da Residência Multiprofissional de Saúde do Trabalhador, Giselle Goulart, apresentou o curso idealizado antes da pandemia, mas que começou suas atividades em 2020, ano da pandemia. O curso visa formar profissionais com ênfase na Atenção Integral, Vigilância e Educação em Saúde do Trabalhador, para atuar na Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast) e no Sistema Integral de Atenção à Saúde do Servidor (Siass).

Ela destacou que a Residência é uma parceria da ENSP com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS/RJ), a Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias (SMS/DC) e a Coordenação-Geral de Pessoas da Fundação Oswaldo Cruz (Cogepe), com financiamento do Ministério da Saúde (MS), caracterizando uma residência interdepartamental (Cogepe, Cesteh, Dihs/ENSP são utilizados como campus de prática), interunidade e interinstituições.

Finalizando o painel dedicado a debater as experiências, o preceptor do curso e psicólogo da Coordenação de Saúde do Trabalhador da Fiocruz, Marcello Rezende, contextualizou sua prática de trabalho na CST, como foi mudada toda a organização de trabalho para que o curso fosse realizado durante a pandemia, além de citar as consequências da pandemia na saúde mental dos trabalhadores e como está sendo trabalhar sob essa questão. A residente da primeira turma do curso, Luiza Araújo, falou sobre como foi participar do curso, destacando a vigilância e o monitoramento dos trabalhadores da Fundação. 



No âmbito da Coordenação de Saúde do Trabalhador (CST/Fiocruz), Luiza citou algumas atividades realizadas: a reorganização do serviço, a elaboração dos materiais educativos; o atendimento aos trabalhadores por telefone ou presencial; as rodas de conversa sobre Covid-19, alimentação e grupos focais; as reuniões de equipe; as visitas nas unidades; a orientação aos trabalhadores que se acidentaram no trabalho; as ações ergonômicas estruturadas na visão do Modelo Operário Italiano (MOI); além da testagem dos trabalhadores. 

Assista, abaixo, o vídeo com o painel na íntegra.