Jornada Acadêmica do Lato Sensu e Qualificação Profissional lota salas e movimenta ENSP nesta quarta

Atualizado em 09/03/2023

Por Barbara Souza

Uma intensa e animada movimentação de alunos, egressos, professores e visitantes agitou a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) durante toda a quarta-feira (8/3). O motivo foi a realização da 1ª Jornada Acadêmica do Lato Sensu e Qualificação Profissional. "Fiquei muito surpreso e emocionado em ver tantas pessoas aqui na Escola após um período em que ficou esvaziada por causa da pandemia. Hoje, toda essa movimentação trouxe a vitalidade e a potência que a ENSP tem", comemorou o coordenador de Lato Sensu da Vice-direção de Ensino, Gideon Borges, que liderou a organização da jornada. Realizada nos dias 8 e 9, a atividade teve como foco as produções discentes elaboradas nos últimos quatro anos, além do fortalecimento do ensino profissional, considerando sua importância na formação de quadros para o Sistema Único de Saúde.



Logo na abertura do evento, os participantes foram presenteados com uma breve, porém intensa, apresentação da poetisa Celeste Estrela, moradora da comunidade de Manguinhos. Dona Celeste emocionou a todos ao declamar algumas de suas poesias, que estão no livro ‘Coroação Preta’. Com um ótimo humor, ela contou um pouco de sua longa história, repleta de dificuldades, e disse ter “transformado sofrimento e luta em poesia” e puxou palmas, cantou, rimou num rap cheio de consciência.


A Atenção Primária em Saúde e os desafios para a formação Lato Sensu e Qualificação Profissional foi o tema escolhido para o primeiro painel. A escolha foi do Grupo de Trabalho indicado pela Coordenação do LSQP, responsável por planejar, desenvolver e avaliar todas as atividades na Jornada Acadêmica. As apresentações da mesa forneceram  um panorama abrangente sobre a situação atual da APS tanto no cenário do estado quanto do município do Rio de Janeiro, com as apresentações da superintendente de APS da Secretaria de Estado de Saúde do RJ, Helene Cristina Dias, e do superintendente da APS da Secretaria Municipal de Saúde do Rio, Renato Cony. Já do ponto de vista da formação, o cenário foi apresentado pela coordenadora-geral de Educação da Fiocruz, Cristina Guilam, e pela vice-diretora de Ensino da ENSP, Enirtes Caetano. 


Ao compartilhar dados de um levantamento sobre os últimos 15 anos dos cursos LSQP da Escola, a vice-diretora destacou que são oferecidos cursos para praticamente todas as áreas que o Ministério da Saúde estabeleceu como prioritárias, mas ponderou que existem temas estudados na ENSP, de forma reconhecida, que não são objeto de cursos. “Temos uma nítida vocação nossa para algumas ofertas específicas. Nem sempre as ofertas do Lato Sensu contemplam todos os matizes em relação às nossas aulas e trabalhos. Há grupos de pesquisa reconhecidos em alguns temas, como saúde indígena, que nós não estamos conseguindo trazer essa expressão para o Lato Sensu essa expressão. E isso é necessário”, afirmou a pesquisadora.


Professora Enirtes Caetano, vice-diretora de Ensino da ENSP

Enirtes Caetano comentou ainda a queda no número de ofertas de cursos no período analisado e listou alguns fatores relacionados a essa baixa: “há diferenças de governos, retração do Estado para algumas áreas, deslocamento do recurso públicos e a pandemia. Certamente há algo acontecendo, mas são muitas camadas que entremeiam essa situação”. Ela analisou ainda o esforço para o fortalecimento da formação LSQP no atual contexto político. “Há uma grande rede de oportunidades, mas que precisa também consolidar esses elementos num espaço colaborativo. Isso é fundamental e precioso num momento em que a agenda do governo se expressa numa ampla possibilidade de atualização e de reconstrução do Estado brasileiro, que a gente sabe que está profundamente afetado não só pelas desigualdades, mas também por uma desestruturação tanto na saúde quanto na educação, inclusive com perda de quadros importantes”.

Coordenadora-geral de Educação da Fiocruz, Cristina Guilam avaliou a Jornada Acadêmica de forma muito positiva. “Tem um valor enorme e abre uma discussão para o papel da educação de Lato Sensu e essa relação da academia com o serviço, com a gestão. Nós tivemos convidados das secretarias municipal e estadual de saúde, tivemos também a participação de uma poetisa maravilhosa de Manguinhos, a Celeste Estrela, e foi um momento maravilhoso de interlocução, que é extremamente necessária entre a sociedade civil, a gestão e a academia”, sintetizou. 



Esta interlocução mencionada por Guillain era uma das intenções da organização do evento. “A discussão da mesa de abertura atendeu bem às expectativas porque havia a intenção de que fosse uma discussão política que levasse ao estreitamento das parceiras. Essa relação é importante para escola e para os serviços de saúde em si”, disse Gideon Borges ao se referir ao diálogo que se estabeleceu no momento de debate após as primeiras apresentações. A partir da participação de profissionais de saúde e de pesquisadores, os superintendentes que representaram as autoridades sanitárias na jornada foram questionados, receberam demandas e também explicaram o que os governos estadual e municipal do Rio de Janeiro têm realizado e planejado na área da Atenção Primária. 

À tarde, a jornada teve dois momentos: o primeiro foi o momento dedicado às Práticas Integrativas e Complementares (PICS), com oficina de Auriculoterapia, realizada por Inês Reis e Zélia Andrade, de Reiki e Meditação, com Camilla Teixeira e Letícia Gomes, e de Aromaterapia, com Mirna Teixeira. Em seguida, as salas continuaram cheias para as exposições e debates de trabalhos de alunos e egressos. As apresentações foram divididas nos seguintes temas: Educação e Saúde, Formas de Violência e Saúde, Cuidado em Saúde e Informação, Comunicação, Gestão em Saúde. 

A programação completa, com os títulos dos trabalhos apresentados e os nomes dos autores está disponível aqui.

Assista à abertura da Jornada Acadêmica LSQP: