ENSP debate diretrizes e perspectivas para a gestão e áreas estratégicas de formação em Saúde

Atualizado em 11/05/2023

Por Danielle Monteiro

O panorama do Ensino na Fiocruz, os desafios da Educação em Saúde, as iniciativas de destaque na história da formação na ENSP e as perspectivas para a cooperação no campo da formação em rede foram algumas das discussões que marcaram a oficina O Ensino - Lato Sensu da ENSP – desafios e ofertas, promovida entre 10 e 11 de maio pela Vice-Direção de Ensino da Escola. 

Na abertura do encontro, o coordenador geral do Lato Sensu e Qualificação Profissional da ENSP e moderador da atividade, Gideon Borges, destacou que a oficina chega em um momento oportuno de interesse institucional, em virtude das demandas do Ministério da Saúde à Fiocruz. O objetivo, segundo ele, é reafirmar o papel da Escola na formação em Saúde Pública e atender a necessidade de priorização de suas áreas de atuação que serão futuramente demandadas. “Nossa expectativa é que possamos, ao final desses dois dias, definir as áreas, temas e cursos que consideramos estratégicos para a Escola, considerando os cenários interno e externo, para que a ENSP possa buscar investimentos e para que elas se tornem, inclusive, áreas ‘perenes’”, afirmou. 

Em seguida, a coordenadora adjunta dos cursos lato sensu da Fiocruz, Isabella Delgado, apresentou um panorama do Ensino na Fundação, com foco nos cursos Lato Sensu, de qualificação profissional e EAD. Na ocasião, Isabella trouxe importantes dados referentes à oferta de cursos de especialização nas diferentes unidades e regionais da Fiocruz ao longo dos últimos dez anos. A instituição ofertou entre 40 e 60 cursos de especialização anualmente durante o período analisado. Foram 22 mil matrículas registradas, das quais 60% estão nos cursos EAD. “A ENSP concentra 77,46% da oferta de cursos de especialização entre as unidades da Fiocruz”, disse. Isabella também compartilhou três pesquisas no campo da Educação na Fundação, realizadas pela Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação (Vpeic/Fiocruz) e a ENSP. Os resultados dos estudos trouxeram, segundo ela, reflexões que envolvem a discussão da política de saúde no país, as desigualdades regionais em termos de formação, o fortalecimento da consciência crítica do profissional de saúde, o (des)financiamento dos cursos de especialização, a complementariedade entre os níveis de ensino, entre outros temas.

Dando seguimento à atividade, a vice-diretora de Ensino da ENSP, Enirtes Caetano, discorreu sobre os desafios da Educação em Saúde, apresentando um panorama do Ensino na Fiocruz e o papel da ENSP nesse contexto. Ela destacou que a Escola exerce atualmente um protagonismo diferente no Ensino na Fundação e chamou a atenção para a importância de a ENSP olhar a recente movimentação da Fiocruz como um todo no campo da Educação. Ela também ressaltou a expansão da oferta de cursos voltados à Saúde Coletiva nas unidades da Fundação em todo o Brasil, atentando também para a necessidade de um olhar atento da Escola para esse crescimento. Enirtes ainda falou sobre o novo projeto pedagógico da Vice-Direção de Ensino da ENSP que será discutido e destacou que a Fundação compõe cursos em todas as áreas estratégicas definidas conforme as classificações do Ministério da Saúde. 

Posteriormente, a ex-professora e ex-pesquisadora da ENSP, Tânia Celeste, traçou um panorama histórico sobre a formação em Saúde Pública da ENSP, citando importantes iniciativas da Escola no campo nas últimas décadas. Ela também sugeriu alguns pontos que devem orientar os próximos projetos de formação da ENSP, entre eles, a inclusão de questões ambientais, como clima, água e o marco legal no ensino, o funcionamento dos colegiados da Escola como mediadores, a inclusão do conceito de transversalidade como palavra de ordem nos processos educativos, entre outros. “Escola é um lugar de fazer política, falar e fazer inovação e se mostrar para a sociedade”, destacou. 

Por fim, o vice-diretor da Escola de Governo em Saúde da ENSP, Eduardo Melo, discorreu sobre as perspectivas para a cooperação no campo da formação em rede. Ele disse que, para discutir o lugar atual da formação em Saúde Pública, é preciso, antes de tudo, atentar para a complexidade da Saúde e do SUS, que tem sido cada vez maior, e também para a atual agenda necessária do Sistema Único de Saúde. Ele afirmou que, para a discussão do papel da formação nesse contexto, é preciso refletir sobre os diferentes tipos e temporalidades da formação como ainda um grande desafio, além de algumas particularidades das residências, das especializações, da educação continuada e mestrado profissional. É necessário, ainda, segundo ele, levar em consideração a potência ainda pouco explorada da transversalidade da Educação Permanente em Saúde e a formação como parte de movimentos de mudança. Melo defendeu que a forma de pensar e fazer formação deve estar conectada com as necessidades da sociedade e do SUS e destacou alguns pontos que requerem atenção ao se discutir formação: “Quem participa da reflexão e definição sobre as formações necessárias e prioritárias? Quais formações já estão sendo feitas, por quem e como? Quais espaços e dispositivos de escuta e pactuação envolvendo instituições de ensino, o SUS e a sociedade já existem e precisam existir de forma diferente? Quando percebemos necessidades e oportunidades de formação e os demais atores e interlocutores não percebem? Quais são as possíveis articulações da formação com a gestão do trabalho e o desenvolvimento profissional?", concluiu.