Terrapia é tema de dois trabalhos apresentados no 12º CBA

Atualizado em 21/11/2023


Ações do Projeto Terrapia, vinculado ao Serviço de Gestão da Sustentabilidade da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), foram tema de dois trabalhos apresentados durante o 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia, que acontece até quinta-feira (23/11), na Lapa, no Rio de Janeiro. Um deles compôs a programação do eixo temático 'Construção do Conhecimento Agroecológico' e o outro, do eixo 'Saúde e Agroecologia'. Ambos foram expostos no espaço Tapiris de Saberes na manhã desta terça-feira, 21 de novembro.

Dentro do tema 'Saúde e Agroecologia', Camila Maria de Santis expôs o resumo expandido técnico científico. O trabalho da coordenadora geral do Projeto Terrapia destaca a influência da Agroecologia na construção da abordagem da alimentação viva promovida pela iniciativa. Ao ampliar a compreensão do conceito de alimento vivo para além dos hábitos alimentares individuais, uma iniciativa que faz parte do SGS da ENSP e do Programa Fiocruz Saudável. 

Camila Maria de Santis, coordenadora geral do Terrapia, durante o 12º CBA, falando sobre a influência da Agroecologia na construção da abordagem da alimentação viva promovida pela iniciativa. 

"O projeto reintroduz uma dimensão política na relação entre alimento e saúde. Isso se traduz em atividades práticas que criam espaços para a construção de redes de discussão sobre temas como o acesso a alimentos adequados e saudáveis, a agricultura de base familiar e agroecológica, a segurança e soberania alimentar, bem como o direito humano à alimentação saudável e adequada. É importante observar, no entanto, que esse processo ainda está em estágios iniciais de desenvolvimento, e durante as atividades do projeto, identificam-se alguns desafios e limitações nessa relação entre alimentação viva e agroecologia, que serão explorados ao longo do tempo", explicou a autora.

O Projeto Terrapia (ENSP/Fiocruz), fundado em 1997, representa um experimento de mobilização popular orientado pelas bases das políticas de Promoção da Saúde. O objetivo da pesquisa apresentada por Camila de Santis foi identificar a contribuição da Agroecologia para a construção da alimentação viva, objeto primordial do Projeto Terrapia. Para isso, foi utilizada como metodologia a análise de relatórios das atuais atividades desenvolvidas no projeto em diálogo com alguns resultados obtidos na dissertação de mestrado da própria autora. 

"A Agroecologia mostrou-se pilar essencial ao movimento de emancipação do  alimento vivo, para além dos hábitos alimentares individuais, repolitizando a relação alimento-saúde e estabelecendo na formação de seus participantes processos de lutas e posicionamento no mundo que confrontam sistemas desiguais e assimétricos", concluiu ao ponderar, no entanto, que esse processo está em estágios iniciais.

Formação em Alimentação Viva e Agroecologia

Thiago Alves, apresentando o Curso de Agroecologia e Alimentação Viva na Promoção da Saúde, durante o 12º CBA.

O Curso de Agroecologia e Alimentação Viva na Promoção da Saúde, um projeto realizado na ENSP, foi a outra experiência apresentada no espaço Tapiris de Saberes na manhã desta terça-feira, no contexto do eixo temático 'Construção do Conhecimento Agroecológico'. O trabalho ‘Curso de Agroecologia do Projeto Terrapia: aproximações iniciais com a educação em rede’. foi apresentado pelo autor, Thiago Alves, e conta com a coautoria de Daniel Almeida, Ana Beatriz Felizardo, Camila de Santis, e Flávia Guimarães, chefe do SGS da ENSP.

O Terrapia é o primeiro relato de projeto dentro do campus envolvendo a construção e a manutenção de uma horta pautada pelos princípios agroecológicos. “Em 2015, começamos o Curso de Agroecologia e Alimentação Viva na Promoção da Saúde, ofertado semestralmente. Ele possui como base principal o manejo de agroecossistema pela perspectiva agroecológica, realizada na horta do projeto”, explicou Thiago Alves. 

No segundo semestre de 2022, o curso passou a selecionar participantes que atuam de forma territorializada com iniciativas agroecológicas na região metropolitana do Rio de Janeiro, com o intuito de  dinamizar redes territoriais por meio de uma educação em agroecologia feita em rede. De acordo com Thiago, a medida buscou analisar as potencialidades e os efeitos iniciais deste redirecionamento para a construção do conhecimento agroecológico. 

Por fim, o autor do trabalho destacou que, a partir dos relatos e avaliações feitas pelos formados nos dois cursos, nos anos de 2022 e 2023, conclui-se que os laços criados e as trocas entre os participantes durante o curso, bem como a visita em grupo a algumas das organizações dos participantes, proporcionaram aproximação entre coletivos e organizações com potencial de se articular de forma territorializada.

Sobre o Curso de Agroecologia e Alimentação Viva na Promoção da Saúde

O objetivo da formação é promover o desenvolvimento de habilidades práticas da Alimentação Viva e impulsionar o debate sobre reflexões teóricas da Agroecologia. Além de fomentar práticas naturais de cuidados com a saúde corporal e ambiental. O curso é realizado em formato presencial, é gratuito, porém, participativo/interativo. Os participantes se responsabilizam pelos ingredientes utilizados nas atividades.

Saiba mais sobre o Terrapia e fique por dentro dos processos seletivos ofertados. Acesse o site do Terrapia