‘A ENSP mudou a minha vida’: egressos dos Programas de Pós-Graduação compartilham suas histórias

Atualizado em 11/09/2024

Por Bruna Abinara

A 1° Jornada Acadêmica da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) promoveu dois encontros entre alunos atuais e egressos da instituição. A primeira mesa temática “Como a ENSP mudou a sua vida?”, realizada nesta terça-feira (10/9), trouxe mestres e doutores dos Programas de Pós-Graduação em Saúde Pública (PPGSP) e em Bioética (PPGBIOS) para contar o papel da Escola em suas trajetórias pessoais e profissionais. Na manhã desta-quarta-feira (11/9), foi a vez dos egressos dos Programas de Pós-Graduação em Epidemiologia (PPGEPI) e em Saúde Pública e Meio Ambiente (PPGSPMA) compartilharem suas experiências. As mesas foram transmitidas na íntegra pelo canal da Escola no Youtube.  



“A ENSP mudou muito a minha vida.” Foi com essa afirmação que Ana Isabella Almeida, mestre e doutora em Saúde Pública pela ENSP, começou seu relato. A paraense formada em Enfermagem contou sobre sua mudança para o Rio de Janeiro e a preparação para o Mestrado, ressaltando o caráter acolhedor da Escola. “Acho que a ENSP traz uma experiência muito legal de formação de laços de amizade e profissionais, precisamos aproveitar tudo que a instituição tem a nos oferecer”, declarou. Após a defesa da dissertação, Ana voltou à ENSP como doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública. “Aqui é uma casa para mim, é o local para onde eu quero sempre voltar”, disse. A enfermeira afirmou que as experiências em docência que teve na ENSP abriram portas para a conquista de cargos como professora universitária, orientadora de PIBIC, além de receber diversos convites para participar de pesquisas e bancas de defesa.  

Em seguida, o egresso do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública Gilnei Costa também comentou sobre o acolhimento da ENSP. “A ENSP tem um sentido de família. Uma vez aqui, nunca queremos deixar esse espaço”. Baiano, o pesquisador veio para o Rio cursar a Especialização em Saúde Pública na Escola, que ele considera uma das melhores formações na área por ser a base para compreender o SUS em uma lógica sistêmica. Após a Especialização, Gilnei ingressou na Residência em Saúde da Família no território de Manguinhos, quando, para o pesquisador, a formação crítica permitiu a aproximação dos saberes acadêmicos com a prática. “Fazer política de saúde é uma disputa e ela nos acompanhou o tempo todo na formação da Escola, porque adquirimos um olhar menos ingênuo para compreender quais os interesses, os atores e as relações de força”, defendeu. Gilnei seguiu para o Mestrado e para o Doutorado em Saúde Pública, reforçando que, ao contar sua trajetória no Programa, fala da história de toda uma nação que, apesar das desigualdades e do racismo, começa a ocupar esses espaços.   

Egressa do Programa de Pós-Graduação em Bioética, Letícia Campos disse compartilhar dos sentimentos dos colegas quanto ao acolhimento. “Aqui realmente é uma casa, nós queremos estar presentes por todas as possibilidades e discussões que esse lugar traz”, afirmou. A médica contou que um desejo de melhorar a qualidade de vida de pacientes com doenças crônicas, com quem teve contato durante uma Residência Médica, foi o que a motivou para buscar o Mestrado. Para Letícia, a Pós-Graduação foi uma oportunidade única de “entrar em contato com pessoas diversas, com projetos interessantes e lutas importantes, além de conhecer professores reconhecidos em suas áreas do saber”. A pesquisadora contou que o Mestrado representou a possibilidade de se aprofundar no tema da Bioética, ainda pouco valorizado na Graduação, e desenvolver um senso crítico em relação a direitos e responsabilidades da prática. “Percebi que não há respostas simples para problemas que são muito complexos e que, muitas vezes, o código de ética não responde”, declarou. Por fim, Letícia compartilhou um pouco de seus planos para o futuro: um Doutorado na ENSP.  

O doutor em Bioética pela Escola, Waldemar Neves, contou que a instituição deixou um legado de reconhecimento profissional em sua vida. O professor também relatou um pouco de sua experiência na Universidade de Barcelona, na Espanha, onde pôde estudar graças ao Doutorado sanduíche. “Na ENSP, eu estava no centro de conhecimento em Bioética a nível de Brasil e do mundo, foi de grande valia fazer meu Doutorado aqui”, declarou. Waldemar defendeu que, além da produção acadêmica, é importante causar um impacto na vida das pessoas e tentar mudar a realidade. Por fim, Waldemar também refletiu sobre o adoecimento mental de alunos de Pós-Graduação, que apresentam mais chances de desenvolver depressão e ansiedade por conta de uma sobrecarga de demandas e responsabilidades. “Eu saí de uma perspectiva de doutorando para orientador e percebo esses casos. Nós precisamos dar apoio e suporte a essas pessoas”, concluiu.  

Egressa da primeira turma do Doutorado Acadêmico do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública e Meio Ambiente, Camille Manarinno afirmou que a ENSP nunca saiu de sua vida. "Eu entrei em 2006 para fazer o Doutorado, voltei como pesquisadora e já fiz 10 anos de Fiocruz", refletiu. Engenheira civil, Camille explicou que sempre atuou na perspectiva ambiental a partir da análise de resíduos sólidos. Após uma Iniciação Científica em Educação Ambiental, Camille seguiu para um Mestrado Profissional em Engenharia Ambiental e, então, ingressou como doutoranda de Saúde Pública e Meio Ambiente na Escola. Segundo a pesquisadora, o Doutorado abriu portas para que ela conquistasse cargos como professora em universidades da rede pública e privada do Rio e, dois anos após o doutoramento, fosse aprovada em um Pós-Doutorado na Suíça. "Estava vivendo fora do Brasil até que saiu um edital de concurso para pesquisador na ENSP e eu voltei para fazer a prova. Em 2015, assumi como pesquisadora em Saúde Pública no Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental (DSSA/ENSP)", contou. Para os alunos atuais da Escola, Camille deixou algumas dicas: "entrem em contato com o que ainda é desconhecido para vocês, porque isso nos traz respostas; formem parcerias, nós precisamos de apoio; e os desafios vêm para podermos nos transformar, se der medo, vai com medo mesmo".   

Em seguida, a pesquisadora Priscila Moura, também egressa do Doutorado em Saúde Pública e Meio Ambiente, contou que sempre quis trabalhar na área ambiental. No entanto, só descobriu qual caminho seguir quando recebeu uma recomendação do ensino de Saúde Pública da ENSP. Logo após sua defesa da dissertação no Mestrado em Biologia Computacional e Sistemas, do IOC, foi aprovada em segundo lugar no processo seletivo do Doutorado na ENSP. "A disciplina 'História e Paradigmas da Saúde Pública' foi um divisor de águas na minha vida como jovem cientista, ali eu realmente entendi que eu queria servir à Saúde Pública", reforçou. Enquanto doutoranda, Priscila teve uma forte atuação no movimento estudantil da Escola. Dentre as conquistas do grupo, a pesquisadora enumerou a representação discente no voto de escolha de coordenação do Programa, a manutenção da representação discente no conselho de classe e a possibilidade de cursar novamente uma disciplina em que o aluno tivesse reprovado. "O meu talento maior é a vocação científica, é encontrar potenciais jovens pesquisadores e isso me trouxe de volta à Fiocruz. Hoje, eu retorno como pós-doutoranda no IOC", contou.  

A egressa da primeira turma do Mestrado Acadêmico do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia Carolina Coutinho destacou que poder trabalhar com os grandes profissionais que ela lia e estudava nos artigos da área foi uma grande oportunidade ao estudar na Escola. "Uma das grandes alegrias que a ENSP me deu foi de poder acompanhar o modo de criação de ciência de pessoas que eu tanto admirava", afirmou. Carolina também reforçou a importância de fazer parte de grupos de pesquisa e conhecer outros pesquisadores em sua vida acadêmica, o que ela considerou um diferencial da instituição. "É uma Escola onde podemos aprender o conteúdo técnico das disciplinas, mas que também abre muitas portas para viver a pesquisa, de ver os resultados devolvidos para a comunidade", defendeu. Depois do Doutorado na ENSP, fez dois Pós-Doutorados, mas voltou para a Fiocruz, em 2022, como pesquisadora colaboradora no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz). Carolina concluiu sua fala com uma reflexão sobre sua trajetória: "entrei na ENSP como aluna de Iniciação Científica e saí como pesquisadora, a Escola me proporcionou muito crescimento pessoal e profissional". 

"Minha história de ENSP é mais curta do que as demais apresentadas na mesa, mas ela é bem significativa na minha vida", afirmou a mestra em Epidemiologia Fernanda Letícia Ferreira. Mineira, ela veio para o Rio cursar uma Residência em Saúde Coletiva pela Universidade Federal Fluminense (UFF). No final da formação, a pesquisadora decidiu aplicar para o processo seletivo de Mestrado na ENSP e foi aprovada para a turma de 2021. Fernanda explicou que, por conta da pandemia, sua Pós-Graduação foi totalmente online. "Gosto de dizer que, mesmo distante, a ENSP consegue mudar a vida das pessoas. Sem a Escola, eu não teria a rede de apoio que eu tenho hoje. Na academia, não fazemos nada sozinho e, na ENSP, nós criamos laços", afirmou. Fernanda aconselhou os alunos a sempre confiarem em seu próprio potencial e a não se confinarem às expectativas da sociedade. "Nenhuma porta está fechada demais para conseguirmos entrar se realmente tentarmos", concluiu. 

Assista à Mesa de Egressos do PPGSP e PPGBIOS no canal da ENSP no Youtube: 


Assista à Mesa de Egressos do PPGSPMA e PPGEPI no canal da ENSP no Youtube: