ENSP inicia curso de Gestão da Atenção Primária à Saúde em Redes e Regiões do SUS

Atualizado em 26/08/2025

Por Danielle Monteiro

O curso de especialização em Gestão da Atenção Primária à Saúde em Redes e Regiões do SUS vai realizar a sua aula inaugural nesta quarta-feira (27), em Brasília, com uma conferência sobre ‘Governança regional do SUS: situação e caminhos’, ministrada pelo presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Arthur Chioro.

Promovida pela ENSP, em parceria com a Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde (SAPS/MS), a atividade visa formar especialistas em gestão da APS, contribuindo para o aprimoramento desses profissionais envolvidos na implementação de políticas voltadas à principal porta de entrada do Sistema Único de Saúde. A iniciativa é coordenada pelo vice-diretor da Escola de Governo em Saúde (VDEGS/ENSP), Eduardo Melo, pela coordenadora da Rede Brasileira de Escolas de Saúde Pública (RedEscola), Márcia Cristina Fausto, também da VDEGS, e pela professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) Patty Fidelis. 

A abertura da formação vai contar com três dias de atividades, com o intuito de apresentar o contexto da oferta de formação em gestão da Atenção Primária à Saúde, com ênfase na qualificação do trabalho de apoio institucional, além de promover um debate sobre os atuais desafios da gestão da APS. A programação engloba, ainda, uma vivência da metodologia do curso e a pactuação da agenda de atividades.

Segundo Eduardo Melo, existem muitas iniciativas de formação voltadas à APS no Brasil, mas, no entanto, são insuficientes os projetos e cursos de formação para/sobre a gestão da APS em particular, apesar do papel chave dos gerentes e gestores neste espaço. “Esta nova iniciativa de especialização busca incidir sobre este quadro, tendo como público mais de 100 técnicos da SAPS, ou seja, atores que participam da gestão federal da APS”, destaca.

Melo explica que, nesse sentido, dois outros aspectos merecem destaque. O primeiro deles diz respeito ao foco não apenas nas racionalidades, práticas e instrumentos de gestão, mas também em objetos concretos da gestão da APS, desde os mais políticos até aqueles tecno-assistenciais e administrativos. Já o segundo aspecto se refere ao modelo pedagógico, construído a partir de um mapeamento de desafios da APS e sua relação com a gestão, e também da elaboração de áreas de competências, articuladas no espaço-tempo curricular, para o enfrentamento destes desafios. Consiste, especialmente, em uma macro estratégia pedagógica, que combina dispositivos pedagógicos de vários tipos, problematizações, ofertas teóricas sistematizadas e, oportunamente, apresentadas, além de micro intervenções contextualizadas e conectadas a realidades de trabalho dos educandos, sendo base para a construção de um TCC efetivamente processual e de um curso que alimenta e se alimenta da atuação dos educandos no próprio trabalho.

“Acreditamos que esta experiência é bem adaptada ao ‘mundo do trabalho’ dos atores que atuam na gestão e em um espaço sabidamente singular e desafiador. Esperamos contribuir, então, com a qualificação de profissionais que atuam em processos-chave, como a formulação e gestão de políticas nacionais voltadas à APS, mas com sensibilidade e permeabilidade às realidades das redes e regiões”, conclui Melo.

Márcia Fausto conta que o foco do curso é o fortalecimento da APS no Sistema Único de Saúde, tendo em perspectiva os diversos contextos do país, as diversidades regionais e as particularidades que se expressam na implementação de uma política nacional. Segundo ela, os gestores têm um papel chave neste processo.

Ela destaca que o curso busca formar especialistas na gestão da APS em suas diversas dimensões - organização de ações, processo de trabalho, cuidado, força de trabalho, insumos, financiamento, informação, tecnologias, avaliação, planejamento, participação, entre outras – tendo como cenário os processos de regionalização e das redes de atenção à saúde. “Para isso, a lógica pedagógica se estrutura a partir dos desafios/problemas que se apresentam na realização do trabalho dos educandos - coordenadores, assessores técnicos, consultores e apoiadores institucionais que atuam na Secretaria de Atenção Primária. O desenho curricular está estruturado com base nas grandes áreas de competência para a gestão da APS, incorpora uma diversidade de estratégias pedagógicas, com destaque para metodologias ativas e participativas de ensino-aprendizagem, a partir do diálogo orgânico com experiências dos alunos e do convite a novas experimentações práticas, com vistas à compreensão e transformação das realidades", explica.

O curso de especialização em Gestão da Atenção Primária à Saúde em Redes e Regiões do SUS

Ofertado na modalidade a distância com momentos presenciais e carga horária total de 360 horas, o curso é voltado exclusivamente a trabalhadores que desenvolvem atividades de gestão no âmbito da SAPS/MS. Foi desenvolvido considerando os desafios que se impõem na gestão da Atenção Primária à Saúde, com o intuito de apoiar a implementação de mudanças e o fortalecimento da APS. 

A formação se estrutura em diálogo com a experiência dos alunos e dos processos cotidianos de trabalho no exercício da gestão da Atenção Primária à Saúde e no apoio técnico em nível nacional/regional/estadual. A atividade também propõe bases conceituais e instrumentais para a compreensão do desenvolvimento de articulação da APS no espaço regional, em suas diferentes dimensões, e para a qualificação das práticas de planejamento e gestão na área.