Prêmio Oswaldo Cruz de Teses: três alunos da ENSP/Fiocruz recebem Menção Honrosa
Atualizado em 22/09/2025
Por Bruna Abinara
Três alunos do Programa de Pós-graduação em Saúde Pública (PPGSP) da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) receberam Menção Honrosa no Prêmio Oswaldo Cruz de Teses 2025. Em sua nona edição, o prêmio visa distinguir teses de elevado valor para o avanço do campo da saúde em diversas áreas temáticas de atuação da Fiocruz. A iniciativa é coordenada pela Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz). A ENSP/Fiocruz parabeniza os laureados: Orli Carvalho da Silva Filho, Viviani Cristina Costa e Ana Cássia Cople Ferreira.
Uma das coordenadoras do PPGSP, a pesquisadora Gisele O'Dwyer destacou que as premiações reconhecem o esforço do aluno e do orientador, enquanto estimulam todos os estudantes na escrita de suas dissertações e teses. “Para o programa, esses prêmios reconhecem o nosso amadurecimento enquanto professores, a nossa tradição de ensino e todo o envolvimento que temos em avaliar as disciplinas e estar sempre repensando o curso, para valorizar os espaços coletivos e ter uma produção de diretrizes coletivas. Esses prêmios representam o nosso trabalho, além, claro, do mérito do aluno e do orientador”, declarou.
Combinando tradição e atualidade, o Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública formou sua primeira turma em 1967 e, desde 1977, é institucionalizado pela Capes. Ao longo de sua trajetória, contribuiu ativamente para a consolidação da saúde coletiva no Brasil e a formação para o SUS, atuando no ensino, na pesquisa e em parcerias com órgãos governamentais e organizações da sociedade civil. O'Dwyer contou que muitos alunos do programa já trabalham no SUS e trazem inquietações da prática para seus projetos acadêmicos. Além disso, ressaltou que as disciplinas “estão sempre muito afinadas com as novas demandas e com as questões emergentes”.
O psiquiatra da infância e adolescência explicou que sua trajetória profissional se iniciou pela pediatria, o que gerou um interesse pela relevância do comportamento suicida em crianças e adolescentes: do seu impacto aos seus tabus. “Busquei no Doutorado em Saúde Pública, junto às minhas orientadoras, ampliar e tensionar os entendimentos biomédicos sobre o tema”, compartilhou. Em seu estudo, se propôs a compreender como as violências, as famílias e o apego podem se apresentar como nós nas trajetórias de desenvolvimento infantojuvenil, gerando obstáculos que culminam no sofrimento psíquico e na violência autoprovocada.
Ainda na área da Saúde Coletiva, a pesquisadora Viviani Cristina Costa recebeu Menção Honrosa pela tese “Entre vidas e disparos: o que nos contam os trabalhadores da atenção básica que atuam em favelas sobre saúde, sofrimento e violência”. “Eu me sinto honrada e muito feliz com o reconhecimento enquanto pesquisadora, principalmente porque é um prêmio de uma instituição de excelência que distingue o potencial da minha pesquisa em contribuir com avanços no campo da saúde coletiva e, principalmente, com as necessidades de saúde da população relativas a uma importante dimensão da violência urbana, a violência armada nas favelas”, afirmou.
A sua pesquisa buscou compreender a relação entre a violência armada e o sofrimento mental a partir da percepção de profissionais da atenção básica do município do Rio de Janeiro, com experiência de trabalho em favelas que vivenciam a disputa de poder ilegal e armada. “Ter esse reconhecimento é também uma forma de contribuir para o debate e visibilizar os múltiplos impactos da violência armada e as várias violências que se sobrepõem, afetam e precarizam de forma diferenciada as condições de saúde, vida e morte das populações envolvidas”, contou. Para Costa, o programa foi essencial para sua trajetória enquanto pesquisadora: “Na ENSP, tive muitos bons encontros, em especial com as minhas orientadoras, as Profas. Tatiana Wargas de Faria Baptista e Marize Bastos da Cunha, além de espaço para ocupar e construir o meu lugar de pesquisadora em diálogo com as necessidades do SUS e da população.”
“O Programa e o fato de ter me mantido estudando ao longo da pandemia foram fundamentais não apenas para a realização da pesquisa, mas também para minha saúde mental, já que eu trabalhava diretamente com a gestão da crise sanitária”, contou. Ferreira, cuja trajetória profissional inclui uma experiência como servidora federal na articulação interfederativa, comentou que escrever sobre algo que presenciava no seu cotidiano foi um desafio. Ela havia terminado o mestrado há quase oito anos e se dedicava exclusivamente à gestão quando decidiu retomar a vida acadêmica. “Sob a orientação da professora Luciana Dias de Lima, pude vencer barreiras pessoais e inseguranças acadêmicas. A orientação cuidadosa e generosa me ajudou a amadurecer como pesquisadora e a transformar a experiência prática em reflexão científica propositiva. Ela merece, sem dúvida, essa menção honrosa”, concluiu.