Vimos ao longo deste curso um conjunto de experiências de agroecologia que, por estarem sistematizadas, nos ajudam a refletir sobre suas potencialidades e pontos de atenção. Dependendo das características da experiência, ela pode ser uma tecnologia social para promoção da vida – e é o fato de ela ter sido sistematizada que nos ajuda a fazer essa avaliação e a identificar as necessidades de adaptações para implementação em outros territórios e comunidades.
Dizemos isso para destacar a potência e a importância da sistematização para o avanço teórico e metodológico da agroecologia!
Mas como se produz essa sistematização
Muitas experiências da agroecologia foram sistematizadas por meio da metodologia da pesquisa-ação, que exige a participação ativa da pessoa que irá pesquisar.
A pesquisa-ação tem por finalidade possibilitar aos sujeitos da pesquisa, participantes e pesquisadores, os meios para conseguirem responder aos problemas que vivenciam com maior eficiência e com base em uma ação transformadora. Ela facilita a busca de soluções de problemas por parte dos participantes, aspecto em que a pesquisa convencional tem pouco alcançado (THIOLLENT, 2011 apud PICHETT; THIOLLENT, 2016, p. S4).
(...) embora seja considerada pesquisa, com seu caráter pragmático, a pesquisa-ação se distingue claramente da pesquisa científica tradicional, principalmente porque ao mesmo tempo em que ela altera o que está sendo pesquisado, ela é limitada pelo contexto e pela ética da prática (TRIPP, 2005 apud PICHETT; CASSANDRE; THIOLLENT, 2016, p. S4).
A relação direta e constante entre o pesquisador e seu objeto de estudo pode trazer algumas questões. Portanto, são necessários alguns passos e roteiros, de maneira que a pesquisa ande conforme o propósito principal: apoiar a comunidade na resolução de uma questão específica.
Construir um roteiro metodológico é muito importante, pois quando o pesquisador está imerso no contexto das comunidades, pode ser que o número de variáveis se amplie e a delimitação do escopo de atuação seja uma dificuldade para a pesquisa.
Com o objetivo de contribuir para a sua atuação no território, trazemos a seguir uma sugestão de roteiro, contextualizado para a agroecologia, que auxilia na realização de uma pesquisa-ação.
Quadro 1 – Roteiro para pesquisa-ação
Fonte: Adaptado de Thiollent (1988).
Faça download do roteiro para usá-lo na sua atuação no território.
A pesquisa-ação não se encerra com o relatório descritivo e analítico; é preciso apresentar um plano de ação, que, por sinal, pode gerar mais pesquisas. Essa metodologia é muito similar ao que foi apresentado até agora com relação à incubação de tecnologias sociais.
Veja a seguir dois exemplos de pesquisa-ação que realizamos pelo OTSS em diálogo com alguns parceiros.
O OTSS (CARVALHO, 2020) participou da pesquisa-ação do Projeto Agroecos , analisando a campanha Cuidar é Resistir, protagonizada pelo Fórum de Comunidades Tradicionais de Angra dos Reis/RJ, Paraty/RJ e Ubatuba/SP.
A pesquisa está finalizada e em breve os relatórios estarão disponíveis no site para consulta. Por ora, conheça um pouco mais sobre o projeto, assistindo ao vídeo:
“O projeto Comida de Verdade nas Escolas do Campo e da Cidade é uma iniciativa de pesquisa-ação sobre a inserção dos produtos da agricultura familiar e agroecológicos na alimentação escolar brasileira” (ARTICULAÇÃO NACIONAL DE AGROECOLOGIA, 2022).
O roteiro metodológico da pesquisa pode ser consultado no site e comparado com o quadro que apresentamos aqui. A pesquisa está quase terminando, faltam as validações e devolutivas para as comunidades, além do seminário final. Pelo OTSS, pesquisamos a Associação dos Bananicultores de Ubatumirim (ABU) e a Associação dos Moradores do Quilombo do Campinho da Independência (AMOQC).
Confira o primeiro boletim da pesquisa , que apresenta os resultados preliminares e a importância da pesquisa-ação:
Fechamos este módulo com a expectativa de que tenhamos contribuído para você visualizar possibilidades de ações na sua comunidade. É sobre isso, inclusive, que vamos conversar no nosso momento presencial!
Ao longo do curso, foram propostas diversas atividades para subsidiar sua reflexão sobre a aplicação de tecnologias sociais em seu território de atuação. Agora é o momento de sistematizá-las na forma de um produto único, que, após o término do curso, possa auxiliar o desenvolvimento de tecnologias sociais nas comunidades tradicionais: o Plano de Ação para Implementação de Tecnologia Social (Pats).
Para o desenvolvimento do Pats, pedimos que você produza um documento ou vídeo, contemplando:
Lembre-se de seguir as orientações para execução e envio das atividades apresentadas no início do curso.
Acesse o AVA para enviar sua atividade.