Milésima defesa de Mestrado Profissional em Saúde Pública da ENSP

Atualizado em 29/10/2023

Aconteceu na última terça-feira, dia 24 de outubro, a defesa número mil de dissertação de Mestrado Profissional em Saúde em Saúde Pública - turma Atenção Primária à Saúde - na ENSP. A milésima mestranda a defender foi Fernanda Cristina Dias de Freitas Cruz, com o trabalho intitulado  “Análise do acompanhamento e do desenvolvimento infantil pelas equipes de  Estratégia Saúde da Família, com a utilização da caderneta da criança no município do Rio de Janeiro”. Orientado pela professora e pesquisadora Maria de Fátima Lobato Tavares, o estudo analisou a Gestão Central da Linha de Cuidado da Saúde da Criança e a experiência na Atenção Primária em Saúde (APS). Um dos objetivos era contribuir para  aprimorar a qualidade de acompanhamento integral e registros adequados durante a puericultura na APS. 

O trabalho pretendeu atualizar, identificar e compreender a percepção de profissionais da atenção primária na interferência dos determinantes sociais da saúde no crescimento e desenvolvimento integral das crianças de 0 a 6 anos no município do Rio de Janeiro, refletida no uso da Caderneta da Criança como instrumento de acompanhamento e comunicação com a família. 

Durante as entrevistas realizadas com profissionais e em grupo focal em Unidades Básicas de Saúde situadas nas áreas nas áreas de planejamento 1.0 e 3.1  do município do Rio de Janeiro, a mestranda identificou também alguns aspectos da pandemia de covid-19 que afetaram o acompanhamento das crianças. A atenção primária no município do Rio de Janeiro é dividida em coordenadorias, e a Coordenadoria Geral de Atenção Primária da Área de Planejamento - CAP 1.0,  cobre os bairros de Benfica, Caju, Catumbi, Centro, Cidade Nova, Estácio, Gamboa, Lapa, Mangueira, Paquetá, Rio Comprido, Santa Teresa, Santo Cristo, Saúde e Vasco da Gama. E a área 3.1 abrange o Complexo da Maré, entre outras localidades. 

Durante a discussão do seu trabalho, Fernanda identificou algumas lacunas no cuidado integral, como o fato de que 39% das crianças terem tido consultas de acompanhamento interrompidas pela pandemia. Além disso, 15,7% apresentaram atraso no calendário vacinal e 52% dos cuidadores nunca terem recebido orientações sobre desenvolvimento da criança. A circulação de pelo menos dois modelos de Caderneta da Criança diferentes, uma desenvolvida pelo Ministério da Saúde e outra pela prefeitura da cidade do Rio, além de uma versão simplificada,  diferentes contribuiu para uma baixa utilização. 

Não foi percebida diferença entre médicos e enfermeiros no acompanhamento à criança, apesar das diferentes formações na graduação. Foram realizadas entrevistas com profissionais recém formados e profissionais que já estão na APS há bastante tempo. Não foram percebidas diferenças nas falas sobre o entendimento do Conceito Ampliado de Saúde e o Cuidado Integral. A mestranda falou, durante a defesa, da necessidade de discussão do que consiste a Atenção Integral à Saúde da Criança durante toda a primeira infância e da importância de utilizar os espaços de educação permanente, como as reuniões de equipe, para ampliação da prática do cuidado integral entre todos os seus componentes. Alem disso, destacou também a importância de se considerar o território, o vínculo e os Determinantes Sociais da Saúde para que o cuidado esteja presente na relação estabelecida entre os profissionais, a família e a criança. 

Da esq. para a direita: Maria Auxiliadora, Fernanda, Maria de Fátima e Rosa Maria: defesa número mil

Fernanda lembrou ainda que o Brasil é signatário de acordos e iniciativas de formulação de políticas e investimentos na primeira infância, e aumentar este investimento entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. A professora e pesquisadora Maria Auxiliadora de Souza Mendes, do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), integrante da banca, destacou em sua fala que estavam presentes na defesa três ex-coordenadoras de Atenção Básica do Rio de Janeiro. Maria Auxiliadora parabenizou a mestranda e também a Escola: “Esse é um dia histórico. O Mestrado cumpre esse importante papel de qualificar quadros estratégicos para o SUS. Além dos diagnósticos daquilo que precisa ser melhorado, nos dá ferramentas para avançarmos”, observou. A banca de defesa era composta também por Rosa Maria da Rocha (ENSP/Fiocruz) e Maria Tereza Fonseca da Costa. 

O Mestrado Profissional teve início na Escola Nacional de Saúde Pública no ano de 2002 com o objetivo de aprofundar o conhecimento técnico-científico em saúde coletiva, bem como o desenvolvimento de habilidades para realização de pesquisas e desenvolvimento de processos, produtos e metodologias em áreas específicas da Saúde Coletiva. O Programa é coordenado por Gisela Cordeiro Pereira Cardoso.