Programa de Residência Médica em Medicina de Família e Comunidade

1. Periodicidade
Parceira ENSP/UFRJ - Regular - Anual.

2. Objetivo Geral
Proporcionar ao médico condições teóricas e práticas para desempenhar as ações de promoção à saúde e de uma atenção individual dentro dos princípios e da missão da ESF para a Atenção Básica de Saúde/SUS. Os profissionais deverão ser competentes e resolutivos em sua área profissional específica, quanto aos aspectos clínicos individuais e visão daqueles coletivos, saber trabalhar em equipes multiprofissionais e ter uma liderança nas parcerias intersetoriais.

3. Objetivo Específico
Espera-se que o médico adquira, de forma mais específica, competências e habilidades nas seguintes áreas: I - Prática clínica e cuidado às famílias;
II - Vigilância em Saúde e Gerenciamento Local;
III - Ensino e Pesquisa;
IV - Habilidades relativas a Sistemas de Saúde.

4. Justificativa
A expansão da Estratégia Saúde da Família (ESF), colocou em evidência a necessidade de se formar especialistas para atuar nesse campo, o que permite a qualificação das ações preconizadas e a consolidação da Estratégia.
O médico de família e comunidade é o especialista que atende aos problemas relacionados com o processo saúde-doença, de forma integral, contínua e sob um enfoque de risco, no âmbito individual, familiar e comunitário. Deve desenvolver uma visão holística, levando em consideração o contexto biológico, psicológico e social, reconhecendo que a enfermidade está fortemente ligada à personalidade e à experiência de vida, reconhecendo a singularidade de cada pessoa em seu contexto. Para poder exercer essas atividades, o médico de família precisa desenvolver competências clínicas e éticas para proporcionar a maior parte da atenção que necessita o indivíduo, considerando sua situação cultural, sócio-econômica e psicológica. Deve desenvolver também competências relacionadas à orientação comunitária, pesquisa e gestão de recursos.
O Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade ora proposto tem por objetivo formar especialistas com as qualificações descritas, que sejam capazes de desempenhar ações de cuidado e promoção da saúde na atenção primária, tendo a integralidade como eixo norteador de suas práticas. Para isso, pretende desenvolver a capacidade desses profissionais de basear sua prática nas melhores evidências cientificas e na compreensão das demandas dos sujeitos, articulando-as para proporcionar o maior benefício em termos de saúde e qualidade de vida para indivíduos, famílias e comunidades. Ao longo da Residência, são trabalhadas também habilidades relacionadas ao trabalho em equipe multiprofissional e à atuação comunitária, essenciais para o pleno desempenho das ações preconizadas para este nível de atenção.

5. Concepção Pedagógica
O programa terá 2 (dois) anos de duração, em tempo integral, com atividades teóricas e teórico-práticas (10 a 20%) e atividades práticas de formação em serviço (80 a 90%). A formação em serviço, feita sob supervisão de preceptores, será desenvolvida junto às equipes de saúde da família em Clínicas de Família do município do Rio de Janeiro. Haverá um tutor ou docente do CSEGSF que atuará na supervisão dos médicos e preceptores.
As atividades teóricas e teórico-práticas serão desenvolvidas nas dependências da ENSP e também das Clínicas de Família onde atuam os residentes, sendo acompanhadas por docentes e pesquisadores. Essas atividades são estruturadas de forma a possibilitar a problematização da realidade, sendo o aluno o sujeito construtor de conhecimento, aprendendo e transformando a realidade individual e social. A observação e interação com a realidade das ESF e comunidades atendidas serão necessárias para a efetiva construção da proposta pedagógica. As atividades teóricas se darão por meio de seminários, estudos de caso, aulas expositivas e discussão de artigos científicos, com ênfase nas metodologias ativas de ensino-aprendizagem. Serão utilizadas também técnicas de dramatização e análise de vídeo-gravação de consultas para o aprimoramento das habilidades de comunicação clínica. Considera-se como elementos fundamentais da metodologia, a integração entre a formação do aluno e a prática (treinamento em serviço), as unidades de aprendizagem por competências, a problematização da realidade, o processo de ensino e aprendizagem centrado no aluno e a avaliação baseada em desempenhos profissionais.

6. Sistema de Avaliação
A avaliação envolve compromisso com a formação e o aprimoramento do processo pedagógico, para promover o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores, respeitando a singularidade, ou seja, considerando o estilo e o ritmo de aprendizagem de cada um.
A prática da medicina pressupõe o desenvolvimento da capacidade de aprender a aprender, ou seja, aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser, para que o profissional seja capaz de enfrentar os desafios atuais e futuros.
Para estar em consonância com a formação médica voltada para a atenção integral do ser humano - em especial na Atenção Primária em Saúde - o sistema de avaliação do nosso Programa de Residência procura valorizar o aperfeiçoamento contínuo das habilidades e atitudes na mesma proporção que a aquisição de conhecimentos.
Identificar fraquezas e potencialidades e saber traçar um plano para suprir suas necessidades de aprendizagem devem ser parte do caminho pedagógico a ser percorrido.
Uma avaliação formativa deve cada vez mais assumir importância no currículo. A principal maneira de pô-la em prática é garantindo um feedback efetivo sobre a prática e permitir que você revisite o cenário de dificuldades encontradas, na direção de aperfeiçoar seu desempenho. É considerada como formativa toda prática de avaliação contínua que pretenda contribuir para melhorar as aprendizagens.
Avaliação formativa, em geral, se contrapõe à outra forma de avaliação conhecida como avaliação somativa, que tipicamente ocorre ao final de um curso ou programa e é utilizada para saber se um candidato atingiu os objetivos esperados. É usada para fins de certificação e para notas finais de cursos. O papel da avaliação somativa é medir, enquanto que a avaliação formativa está comprometida com o aprendizado significativo. No entanto, um mesmo método de avaliação pode ser usado de maneira formativa e somativa, a depender do enfoque a ser dado nas consequências do processo de avaliação.
Feedbacks instantâneos, Portfólio Reflexivo, Mini-CEX e Feedback avaliativo trimestral são alguns dos instrumentos que utilizamos para concretizar a avaliação como um processo pedagógico. Em anexo Roteiro do Portfólio e Mini-CEX.
Os estágios serão avaliados em dois momentos: o primeiro consta de avaliação processual no meio do estágio com feedback do preceptor ao residente sobre seu aproveitamento até então; o segundo momento será de avaliação final com feedback do preceptor ao residente sobre seu desenvolvimento durante todo o estágio. As avaliações dos estágios externos serão enviadas por e-mail (formulário eletrônico) ou impresso. Durante o FAT são feitas as devolutivas sobre o portfólio e ajustes no seu percurso formativo, visando promover uma qualificação mais refinada de seu processo pedagógico.
São elementos do FAT: ressaltar aspectos (positivos e negativos) sobre conhecimentos, habilidades e atitudes durante o trimestre; informar resultados das avaliações (portfólio, Mini-CEX, provas, etc.); estimular o retorno aos objetivos ainda não alcançados; reformular o plano pedagógico de cada residente. Ao final do término deve ser entregue um Trabalho de Conclusão de Curso preferencialmente em forma de artigo.