Inovação nos Serviços de Saúde (ENSP.03.883.1)

DETALHES

Disciplina de natureza Teórica de nível Doutorado, com carga horária de 120 horas e 4 créditos.

Número de vagas:
25
Período:
06/03/2020 a 03/07/2020
Pré-requisitos:
Sem pré-requisito.
Área(s) de Concentração:
Políticas, Planejamento, Gestão e Cuidado em Saúde

HORÁRIO

Dia Início Fim
Sexta-feira 13:00 17:00

PROFESSORES

Nome
Lais Silveira Costa
Marcia Teixeira
Marismary Horsth De Seta

EMENTA

Problematização da relação entre saúde e inovação e seus rebatimentos nos serviços de saúde. Inovações na saúde e seus benefícios e as contradições com o SUS; inovação tecnológica, inovação nos serviços, inovação social e modelos abertos de inovação. O papel dos serviços da saúde na dinâmica de inovação global e a sustentabilidade dos sistemas de saúde universal. Conceitualização, estado da arte e campos emergentes na literatura. Instituições multilaterais e nacionais de fomento à inovação em saúde e a inovação nos serviços de saúde no Brasil.
Objetivo: A disciplina visa promover reflexões sobre o papel dos serviços na dinâmica de inovação em saúde, assim como a relação entre inovação nos serviços de saúde e a sustentabilidade dos sistemas universais. O curso encontra-se organizado em torno de blocos temáticos que contemplam aspectos conceituais, analíticos e normativos do campo da inovação nos serviços de saúde, campo emergente na literatura, de relevância estabelecida com importantes desafios para seu desenvolvimento. Sua proposta é apresentar (1) os conceitos-chave para o entendimento do assunto (serviços de saúde, inovação, inovação nos serviços, teoria crítica da tecnologia e demais campos emergentes da literatura), (2) as tendências estabelecidas pelas organizações multilaterais, (3) a dinâmica de inovação nos serviços e saúde no Brasil, contemplando a capacidade instalada desses serviços, a política de CT&IS no Brasil, o investimento nacional (BNDES, Finep, Fundos de amparo à pesquisa), a Rede de Pesquisas clinicas, a Rebrats (avaliação tecnológica), os padrões setoriais de inovação, a capacidade de inovar desses serviços. A disciplina parte do reconhecimento da falta de neutralidade da inovação em saúde, dado que ela é crescente e inerentemente relacionada à inserção competitiva internacional e, como tal, tem se orientado pela necessidade de acumulação característica dos sistemas capitalistas. Isto é parte do processo que vem constituindo um sistema de saúde cada vez mais desigual, tendência intensificada na conjuntura atual de crise fiscal.
A parca compreensão sobre a dinâmica de inovação (tecnológica ou não) nos serviços de saúde limita a identificação de soluções possíveis diante dos desafios apresentados. É fundamental que o conhecimento sobre inovação nos serviços de saúde se torne um vetor para a análise e formulação de políticas de saúde, especialmente ao se considerar a crescente subordinação do conhecimento às demandas do mercado, simultaneamente ao aumento da integração de inovações nas práticas de saúde.
A trama conformada pela interação e competição entre interesses públicos e privados aumenta a complexidade da formulação de políticas para o desenvolvimento e a incorporação de inovação nos sis¬temas de saúde. A veloz incorporação de tecnologias na saúde altera a estrutura de redes de atenção. Em um país como o Brasil, importa saber não apenas como serão produzidas e quais as inovações que serão disseminadas, mas também como reverter as iniquidades no uso das tecnologias já incorporadas.
Esta disciplina busca reunir conhecimentos que possam subsidiar a elaboração de rotas alternativas para mitigar os efeitos da crise e identificar novos caminhos em busca da consolidação da democracia e da cidadania, porque a garantia do acesso universal da população à atenção à saúde e às tecnologias que a apoiam não parece possível sem democratizar os processos inerentes à dinâmica de inovação na Saúde, reflexão proposta nesta disciplina.

Categoria: Eletiva

Número mínimo de alunos: 05

Candidatos externos: serão aceitos alunos dos programas stricto sensu da ENSP; alunos dos programas stricto sensu da FIOCRUZ; alunos de outros programas stricto sensu; graduados.

BIBLIOGRAFIA

ANDERSON, CURTIS, WITTIG (2014). Definition and Theory in Social Innovation. Marster of Arts in Social Innovation, daube University, krems

AZAR J, ADAMS N, BOUSTANI M. The Indiana University Center for Healthcare Innovation and Implementation Science: bridging healthcare research and delivery to build a learning healthcare system. Z Evid Fortbild Qual Gesundhwes 2015; 109: 138-43.

BREWSTER etal 2015. Integrating new practices: a qualitative study of how hospital innovations become routine. Implementation Science (2015) 10:168

CONDE MVF, ARAÚJO-JORGE TC. Modelos e concepções de inovação: a transição de paradigmas, a reforma da C&T brasileira e as concepções de gestores de uma instituição pública de pesquisa em saúde. Ciencia & Saúde Coletiva, 8 (3): 727-741, 2003.

CORDEIRO H. A indústria da Saúde no Brasil. Rio de janeiro: Edições Graal, 2ª edição, 1985.

COSTA, BAHIA, CESARIO, MALDONADO, GADELHA (2015). Notas para compreender a interação entre serviços de saúde e inovação: uma revisão da bibliografia. Saúde, Desenvolvimento e Inovação. Costa, Bahia e Gadelha (orgs). Rio de Janeiro, Cepesc-IMS / UERJ e Fiocruz, 2015

COSTA, L. S.. Innovation in healthcare services: notes on the limits of field research. CADERNOS DE SAÚDE PÚBLICA, v. 32, p. S1-S12, 2016b.

COSTA, L. S.. Saúde, desenvolvimento e inovação. Cadernos de Saúde Pública (Online), v. 32, p. S1-S2, 2016a.

COSTA, LS, BAHIA, L E GADELHA, CAG (orgs). Saúde, desenvolvimento e inovação. Rio de Janeiro: Ed. Cepesc (IMS) /Fiocruz, 2015 (2 volumes).

DAGNINO R. Tecnologia social: base conceitual. Ciência & Tecnologia Social 2011; 1:1-12.

DJELLAL F, GALLOUJ F, MILES I. Two decades of research on innovation in services. Which place for public services? Structural Change and Economic Dynamics 2013; 27:98-117.

DJELLAL F, GALLOUJ F. Innovation gap, performance gap and policy gap in the service economies. https://hal.archives-ouvertes.fr/hal-01111800/doc ument (acessado em 13/Jul/2015).

DJELLAL, F. e GALLOUJ, F. (2007). Innovation in hospitals: a survey of the literature. Eu J Health Econ (2007) 8:181 - 193.

FARMER etal (2018). Applying social innovation theory to examine how community co-designed health services develop: using a case study approach and mixed methods. BMC Health Services Research (2018) 18:68)

FEENBERG, A. (2005). Critical Theory of Technology: an overview. In: Tailoring Biotechnologies. Vol. I. Issue I. Winter 2005, pp. 47-64.

FEENBERG, A. Critical Theory of Technology and STS. Thesis Eleven 2017 Vol 138(1) 3-12

FEENBERG, A. Democratic Rationalization: technology, power and Freedom in Between Reason and Experience. Essays in Technology and Modernity (chapter 1). MIT Press, 2010 (pp 5-29).

GABRIEL, M, STANLEY, I, SAUNDERS, T. Open Innovation in health. A guide to transforming healthcare through collaboration. Nesta, may 2017

GADELHA CAG. Desenvolvimento e Saúde: em busca de uma nova utopia. Revista Saúde em Debate; Rio de Janeiro, v. 19, n. 71, p. 326-327, set/dez. 2007.

GALLOUJ F. Services innovation: assimilation, differentiation, inversion and integration. In: Bidgoli H, editor. The handbook of technology management. New Jersey: John Wiley & Sons; 2010. p. 989-1000.

GREENHALGH T, ROBERT G, MACFARLANE F, BATE P, KYRIAKIDOU O. Diffusion of innovations in service organizations: systematic review and recommendations. Milbank Q New York, v. 82, n.4, p.581-629, 2004.

GUIMARÃES, R. (2004). Bases para uma política nacional de ciência, tecnologia e inovação em saúde. Ciência & Saúde Coletiva, 9(2):375-387, 2004.

IRIART, JAB (2019). Medicina de precisão / medicina personalizada: análise crítica dos movimentos de transformação da biomedicina no início do século XXI. Cad. Saúde Pública 2019; 35(3)

KALUZNY, A. D Innovation in Health Services: Theoretical Framework and Review of Research. Health Services Research 9(2):101-120, 1974

Lander, B & Atkinson-Grosjean, J. Translational science and the hidden research system in universities and academic hospitals: a case study. Social Science & Medicine 72 (2011) 537-544

LEHOUX etal (2017). Providing value to new health technology: the early contribution of entrepreneurs, investors and regulatory agencies. International Journal of health Policy and Management, 2017, 6(9), 509-518

LORENZETTI J, TRINDADE LL, PIRES DEP, RAMOS FRS. Tecnologia, inovação tecnológica e saúde: uma reflexão necessária. Texto Contexto Enferm 2012; 21:432-9.

LUNDVALL, B. (2010). Post Script: Innovation System Research. Where it came from and where it might go. In: National System of Innovation. Toward a theory of innovation and interactive learning. Lundvall (Ed.). London, Anthem Press, 2010: 317-350.

MARTIN, B, Twenty Challenges for Innovation Studies (October 28, 2015). SWPS 2015-30. Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=2744637 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.2744637

MILLER, FA, FRENCH, M. Organizing the entrepreneurial hospital: Hybridizing the logics of Healthcare and innovation. Research Policy 45 (2016) 1534-1544

National Endowment for Science, Technology and the Arts. Research report: June 2007. Hidden Innovation: How innovation happens in six ?low innovation? sectors.

NOBRE, M. Teoria crítica: uma nova geração. Dossiê Teoria Crítica. Novos estud. - CEBRAP no.93 São Paulo July 2012.

O?BRIEN, DM, KERR, DJ, KALUZNY, AD. Global implications for a changing healthcare environment. Managing Disruptive Change in Healthcare. Lessons from public-private partnership to advance cancer care and research. Kaluzny, AD & O?Brien, DM (orgs.). Oxford University Press, 2015.

SOUZA, LEP. Saúde, desenvolvimento e inovação: uma contribuição da teoria crítica da tecnologia ao debate Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 32 Sup 2:e00029615, 2016

SVENSSON, PO, HARTMANN, RH. Policies to pormote user innovation: makerplaces and clinician innovation in Swedish hospitals. Research Policy 47 (2018) 277-288

THUNE, T, MINA, A. Hospitals as innovators in the health-care system: a literature review and research agenda. Research Policy 45 (2016) 1545-1557 (University of Oslo & Cambridge)

TIGRE PB (2006). Gestão da Inovação: a economia da tecnologia do Brasil. Rio de Janeiro. Elsevier, 2006.

VOIROL, O. Teoria Crítica e pesquisa social: da dialética à reconstrução. Novos estud. - CEBRAP [online]. 2012, n.93, pp.81-99.