Leituras sobre Saúde, Trabalho e Marcadores Sociais da Diferença (ENSP.04.728.1)

DETALHES

Disciplina de natureza Teórica de nível Doutorado, com carga horária de 60 horas e 2 créditos.

Número de vagas:
16
Período:
16/09/2021 a 25/11/2021
Pré-requisitos:
Sem pré-requisito.
Área(s) de Concentração:
Determinação dos Processos Saúde-Doença: Produção/Trabalho, Território e Direitos Humanos

HORÁRIO

Dia Início Fim
Quinta-feira 08:00 12:00

PROFESSORES

Nome

EMENTA

Objetivo Promover a reflexão crítica e o debate sobre elementos teóricos necessários à compreensão das relações entre saúde, trabalho e marcadores sociais da diferença tais como raça, gênero e classe social numa perspectiva interseccional.

Ementa Considerando a categoria trabalho como central na identidade, sociabilidade humana e busca de emancipação, a disciplina discute as relações entre saúde, trabalho e marcadores sociais da diferença, entendendo essas relações no contexto dos modos de vida e trabalho, das relações sociais de produção/reprodução e consumo e do uso e ocupação dos territórios. Os marcadores sociais da diferença são um campo de estudo que tenta explicar como são constituídas socialmente as desigualdades e hierarquias entre pessoas e grupos. As diferenças de raça/etnia, gênero, classe social, sexualidade, geração/idade e outras marcas identitárias são todas construídas pela sociedade, porém tidas como se fossem ?naturais?. Essas categorias formam os grandes eixos de diferenciação social. A partir de uma abordagem interseccional pretende-se ir além do simples reconhecimento dos diversos sistemas de opressão, postulando-se a interação desses marcadores sociais na produção e reprodução das desigualdades e injustiças sociais. Esse quadro teórico pode ser usado para entender como a injustiça e a desigualdade social sistêmica ocorrem em uma base complexa e multidimensional. É preciso não só saber como essas diferenças são construídas e perpetuadas ao longo do tempo, suas determinações sócio-históricas, mas também investigar como elas se interconectam, se entrelaçam, interagindo em níveis múltiplos e muitas vezes simultâneos. A disciplina enfoca três principais marcadores, raça, gênero e classe e pretende, através de leituras dirigidas, promover a reflexão e colocar em debate questões como precarização do trabalho e racismo estrutural, gênero e trabalho, pandemia do novo coronavírus, trabalho e marcadores sociais. Importa refletir como as relações interseccionais de poder no capitalismo influenciam as relações sociais marcadas pela diversidade, bem como as experiências cotidianas da classe-que-vive-do-trabalho.Estratégias de ensino-aprendizagem: 1- As aulas serão divididas em dois momentos. O primeiro, entre 8 e 10h, será utilizado para atividades assíncronas como leituras ou preparação de síntese/apresentação. No segundo momento, entre 10 e 12h, serão realizados os encontros virtuais síncronos, com apresentação e discussão de textos, de acordo com o cronograma da disciplina. 2- Além de leitura das referências, cada aluno (ou grupo de alunos) ao longo da disciplina terá a tarefa de sistematizar e apresentar textos previamente selecionados da bibliografia da disciplina, buscando articular sua experiência de trabalho ou investigativa com as leituras indicadas, favorecendo a reflexão e o debate durante os encontros síncronos. Avaliação: A avaliação será baseada na frequência às aulas, participação nas discussões e na sistematização e apresentação dos textos indicados.

Categoria: Eletiva

Pré-requisito: Não há pré-requisitos.

Informações sobre as aulas:> Serão em formato remoto, pelo aplicativo Zoom, Moodle, Google Classroom (ou Moodle).

Candidatos externos: Serão aceitos alunos de outros Programas de Stricto Sensu da FIOCRUZ, Alunos de outros Programas de Stricto Sensu, graduados.

Vagas: No mínimo 5 e no máximo 15 vagas.

A disciplina ofertará 01 vaga para Estágio em Docência. E o pré-requisito é ser aluno de mestrado ou de doutorado do Programa de Saúde Pública

BIBLIOGRAFIA

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