Trabalho, violências e cuidado (ENSP.02.875.1)

DETALHES

Disciplina de natureza Teórica de nível Doutorado, com carga horária de 90 horas e 3 créditos.

Número de vagas:
30
Período:
04/08/2022 a 10/11/2022
Pré-requisitos:
Sem pré-requisito.
Área(s) de Concentração:
Sociedade, Violência e Saúde

HORÁRIO

Dia Início Fim
Quinta-feira 14h 17h

PROFESSORES

Nome
Cristiane Batista Andrade
Fernanda Mendes Lages Ribeiro
Lais Silveira Costa
Silvana Maria Bitencourt

EMENTA

"A disciplina aborda as temáticas do trabalho, violências e cuidado, a partir da perspectiva das relações de gênero, classe social, deficiência e raça/etnia. Priorizam-se as produções feministas latino-americanas e decoloniais com a abordagem da interseccionalidade. Discute-se o processo histórico da colonização brasileira e as repercussões nas condições de trabalho na atualidade e os enfrentamentos e/ou adoecimentos dos/as trabalhadores/as diante das formas de organização do trabalho na sociedade capitalista, bem como a colonialidade do gênero que influenciou o trabalho das mulheres latino-americanas. A partir das atividades de cuidado (na esfera produtiva e reprodutiva) que vem sendo impactadas pela pandemia da Covid-19, aborda-se o trabalho e sua interface com a maternidade, as condições de trabalho precárias das mulheres, os processos de saúde e adoecimento em decorrência da sobrecarga de trabalho, o trabalho de migrantes/refugiados(as) e os estigmas que influenciam as condições de ingresso e permanência no mundo do trabalho. Associado a esse contexto, discutem-se as violências expressas nas formas de assédio moral e sexual; no trabalho escravo/forçado; nas mortes e acidentes em decorrência das atividades laborais; na deficiência adquirida ? ou autonomia comprometida - em função de lapsos no acesso e acessibilidade dos equipamentos e serviços públicos; no racismo e nas desigualdades raciais no mercado de trabalho, na xenofobia vivenciada por trabalhadores (as) migrantes, no tráfico de mulheres para exploração sexual; no capacitismo, que tem traduzido, erroneamente, capacidade diferenciada como sinônimo de ineficiência e definido precárias condições de acesso ao mundo do trabalho por parte das pessoas com deficiência, dentre outras. A disciplina será na modalidade à distância pelo programa Zoom. Serão realizadas 15 sessões síncronas com duração de três horas cada, totalizando 45 horas, com participação da coordenadora e das docentes convidadas.

Categoria: Eletiva.

Pré-requisito: Não há pré-requisitos.

Informações sobre as aulas: Serão em formato remoto.

Candidatos externos: Serão aceitos Alunos Graduados .

Vagas: No mínimo 5 e no máximo 30 vagas.

A disciplina ofertará 02 vagas para Estágio em Docência. E Não há pré-requisitos.

BIBLIOGRAFIA

ANDRADE, C. B.; ASSIS, S. G. DE. Assédio moral, gênero, raça e poder: uma revisão de literatura. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v. 43, p. 1?13, 2018.

ANDRADE, C. B. O trabalho de cuidado: gênero, emoções e o assédio sexual. In: Silvana Maria Bitencourt; Cristiane Batista Andrade. (Org.). Corpo, gênero e cuidados: perspectivas e desafios na contemporaneidade. 1ed.Cuiabá: Ed UFMT, 2020, v. 1, p. 171-190.

ANDRADE, C. B.; MARTINS, A. C. G.; BITENCOURT, S. M. Trabalho e saúde no emprego doméstico no Brasil: o que diz a literatura? TRABAJO Y SOCIEDAD, v. 37, p. 527-542, 2021. ANDRADE, C. B. et al. Heroínas e heróis da pandemia? Violências (in) visíveis no trabalho de profissionais de saúde na pandemia da Covid-19. International Journal On Working Conditions, [S. l.], v. 21, p. 17?35, 2021.

ANDRADE, C. B.; SANTOS, D. L.; BITENCOURT, S. M.; VEDOVATO, T. G. Migrações, trabalho de cuidado e saúde de cuidadoras: revisão integrativa. REVISTA BRASILEIRA DE SAÚDE OCUPACIONAL, v. 47, p. 1-15, 2022.

ANZALDÚA, G. Borderlands/La frontera: the new mestiza. Madrid: Capitán Swing, 2012.

BITENCOURT, S. M.; ANDRADE, C. B. Trabalhadoras da saúde face à pandemia: por uma análise sociológica do trabalho de cuidado. Ciencia & Saude Coletiva, Rio de Janeiro, v. 26, n. 3, p. 1013?1022, 2021.

BITENCOURT, S.M. A maternidade para um cuidado de si: Desafios para a construção da equidade de gênero. Estudos de Sociologia, v. 24, p. 261-281, 2020.

BORGEAUD-GARCIANDÍA, N. (Org.). El trabajo de cuidado. - Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Fundación Medifé Edita, 2018.

BORGEAUD-GARCIANDÍA, N. Cuidado y responsabilidad. Estudos Avançados, [S. l.], v. 34, n. 98, p. 41?56, 2020.

BRAGA, A. A; BRITTO, A. C. O; ANDRADE, C. B. O trabalho das/os profissionais de saúde nos atendimentos de violência contra a mulher. In: Silvana Maria Bitencourt; Cristiane Batista Andrade. (Org.). Corpo, gênero e cuidados: perspectivas e desafios na contemporaneidade. 1ed.Cuiabá: Ed UFMT, 2020, v. 1, p. 219-240.

CAVALCANTI, M. Tiroteios, legibilidade e espaço urbano: Notas etnográficas de uma favela carioca. Dilemas - Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, [S. l.], v. 1, n. 1, p. 35?59, 2008.

CARNEIRO.S. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. Ed. Selo Negro, 2011.

CARNEIRO, S. Gênero e raça na sociedade brasileira. In: CARNEIRO, S. Escritos de uma vida. 2020. p.150-184.

COLLINS. P.H. Trabalho, família e opressão das mulheres negras. In: COLLINS. P.H. Pensamento feminista negro. Ed Boitempo, 2019, p. 99-134.

COLLINS, P.H. As mulheres negras e a maternidade. In: COLLINS. P.H. Pensamento feminista negro. Ed Boitempo, 2019, p.291-328.

COLLINS, P. H.; BILGE, S. Interseccionalidade. 1. ed. São Paulo: Boitempo Editorial, 2021.

CURRO URBANO, O. et al. Violencia extrema contra la mujer y feminicidio: del escenario íntimo al tráfico de personas en el Perú. Cuad. med. forense, v. 23, n. 1/2, p. 15?28, jun. 2017.

DAVIS, A. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016, p. 225-244.

DIAS, I. Violência contra as mulheres no trabalho: O caso do assédio sexual. Sociologia, problemas e práticas, n. 57, p. 11?23, 2008.

DÍAZ PÉREZ, G. La pandemia de COVID-19 y sus violencias en América Latina. Journal Health NPEPS, [S. l.], v. 5, n. 2, p. 1?7, 2020.

FAZZIONI, N. Tiro que mata, tiro que ?cura?, tiro que fere: notas etnográficas sobre violência armada e direito à saúde. Revista Antropolítica, n. 47, Niterói, p.167-190, 2019.

FEDERICI, S. O ponto zero da revolução: trabalho doméstico, reprodução e luta feminista. 1. ed. São Paulo: Elefante, 2019.

GONZALEZ, L. Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios, interenções e diálogos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2020.

GONZÁLEZ, C. Interseccionalidad entre el género y raza. Un estúdio de caso con mujeres colombianas migrantes em España. In: Torralbo HG, Matos DCF, Martinez MNG (orgs). Migración con ojos de mujer. Una mirada interseccional. 1a. Barranquilla: Ediciones Universidad Simón Bolívar; 2019. 241 p.

HIRATA, H. Subjetividade e sexualidade no trabalho de cuidado. Cadernos Pagu, n. 46, p. 151?163, 2016.

HIRATA, H. O que mudou e o que permanece no panorama da desigualdade entre homens e mulheres? Divisão sexual do trabalho e relações de gênero numa perspectiva comparativa. In: LEONE, E. T.; KREIN, J. D.; TEIXEIRA, M. O. (org.). Mundo do trabalho das mulheres: ampliar direitos e promover a igualdade. Campinas, SP: Unicamp. IE. Cesit, 2017. p. 143?173.

HIRATA, H.; KERGOAT, D. Novas configurações da divisão sexual do trabalho. Cadernos de Pesquisa, [S. l.], v. 37, n. 132, p. 595?609, 2007.

LUGONES, M. Colonialidade e gênero. In: HOLLANDA, H.B. Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, p.52-83.

MELLO, A. G. de; NUERNBERG, A. H. Gênero e deficiência: interseções e perspectivas. Revista de Estudos Feministas., Florianópolis, v. 20, n. 3, p. 635-655, Dec. 2012 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2012000300003&lng=en&nrm=iso

MOTTA, B. L.; DUTRA, G. C. Violência Armada Organizada: um fenômeno que ameaça fronteiras estatais. Oikos, [S. l.], v. 9, n. 1, p. 85?105, 2010.

NASCIMENTO, B. Uma história feita por mãos negras. Rio de Janeiro: Zahar, 2021.

OLIVER, M. Capitalism, Disability and Ideology. 1994. Disponível em: https://disability-studies.leeds.ac.uk/wp-content/uploads/sites/40/library/Oliver-cap-dis-ideol.pdf.

PASSOS, R. G. Mulheres negras, sofrimento e cuidado colonial. Revista Em Pauta: teoria social e realidade contemporânea, [S. l.], v. 18, n. 45, p. 116?129, 2020.

POCHMANN, M. Tendências estruturais do mundo do trabalho no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, [S. l.], v. 25, n. 1, p. 89?99, 2020.

QUIJANO, A. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. Clacso, [S. l.]. p. 27, 2005.

SILVA, M. M. et al. ?No meio do fogo cruzado?: reflexões sobre os impactos da violência armada na Atenção Primária em Saúde no município do Rio de Janeiro. Cien & Saúde Coletiva, 2021.

SOARES, A. As emoções do care. In: HIRATA, H. S.; GUIMARÃES, N. A.; FONTES, A. (org.). Cuidado e cuidadoras: as várias faces do trabalho do care. São Paulo: Editora Atlas S.A, 2012. p. 44?59.

SORJ, B. O cuidado na nova agenda de combate à violência no Brasil. In: ABREU, A. R. DE P.; HIRATA, H. S.; LOMBARDI, M. R. (EDS.). Gênero e trabalho no Brasil e na França: perspectivas interseccionais. 1a edição ed. São Paulo, SP: Boitempo, 2016.

SOUZA, ER et al. Violência Estrutural e COVID-19. RevAbrasco. GT Violência e Saúde. Disponível em: https://www.abrasco.org.br/site/gtviolenciaesaude/2020/05/19/violencia-estrutural-e-covid-19/

VEDOVATO, T. G. et al. Trabalhadores/as da saúde e a Covid-19: condições de trabalho à deriva? Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, [S. l.], v. [prelo], p. 1?13, 2020.

WORLD HEALTH ORGANIZATION et al. Relatório mundial sobre a deficiência. 2012. Caps 8 e 9 Disponível em: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/09/9788564047020_por.pdf