Leituras sobre Saúde, Trabalho e Marcadores Sociais (ENSP.04.728.2)

DETALHES

Disciplina de natureza Teórica de nível Doutorado, com carga horária de 60 horas e 2 créditos.

Número de vagas:
15
Período:
17/08/2023 a 23/11/2023
Pré-requisitos:
Sem pré-requisito.
Área(s) de Concentração:
Determinação dos Processos Saúde-Doença: Produção/Trabalho, Território e Direitos Humanos

HORÁRIO

Dia Início Fim
Quinta-feira 9h30 12h

PROFESSORES

Nome
Élida Azevedo Hennington

EMENTA

"Considerando a categoria trabalho central na sociabilidade e na busca de emancipação humana, a disciplina discute as relações entre saúde, trabalho e marcadores sociais no contexto dos modos de vida e trabalho na sociedade contemporânea. Os marcadores sociais são um campo de estudo que tenta explicar como são constituídas socialmente as desigualdades e hierarquias entre pessoas e grupos formando grandes eixos da diferenciação social. As expressões da exploração, dominação e opressão sobre grupos sociais a partir da raça/etnia, gênero, classe social, sexualidade, geração/idade, capacidade e outras marcas são construídas pela sociedade, porém tidas como se fossem ?naturais?. A partir de uma abordagem interseccional e decolonial, pretende-se ir além do simples reconhecimento dos diversos sistemas de opressão, postulando-se a interação desses marcadores sociais na produção e reprodução das desigualdades e injustiças sociais. Esse quadro teórico pode ser usado para entender como a injustiça e a desigualdade social estrutural e sistêmica ocorrem em uma base complexa e multidimensional, reconhecendo que o poder opera através de estruturas de dominação múltiplas. A disciplina pretende promover a reflexão sobre como essas diferenças são construídas e perpetuadas ao longo do tempo, suas determinações sócio-históricas, mas também como elas se interconectam, se entrelaçam, interagindo em níveis diversos e, muitas vezes, simultâneos. Importa refletir e analisar criticamente como a colonialidade, o patriarcado e as relações interseccionais de poder no capitalismo determinam tanto as relações sociais marcadas pela diversidade, como as experiências cotidianas da classe-que-vive-do-trabalho e suas formas de resistência. Situada no campo Saúde e Trabalho, a disciplina enfoca três principais marcadores, raça, gênero e classe social e pretende, através de leituras dirigidas e aulas dialogadas, promover a reflexão e colocar em debate questões como saúde do trabalhador e precarização do trabalho; racismo estrutural e mercado de trabalho; sexismo e relações de gênero no trabalho; trabalho feminino, produção e reprodução social; interseccionalidade e novas abordagens no mundo do trabalho, dentre outros temas. A avaliação será baseada na leitura dos textos e participação nas discussões, apresentação de seminário e elaboração de síntese textual das reflexões sobre a temática da disciplina articulada à proposta de pesquisa ou à experiência acadêmica/de trabalho.

Categoria: Eletiva.

Pré-requisito: Não há.

Informações sobre as aulas: Serão 12 encontros as aulas serão presenciais e será utilizado complementarmente o Zoom como ferramentas/estratégias tecnológicas pelo coordenador da disciplina.

Candidatos externos: Serão aceitos Alunos dos Programas de Strictu Sensu da ENSP, Alunos de outros Programas de Strictu Sensu da FIOCRUZ, Alunos de outros Programas de Strictu Sensu, Alunos de cursos de Latu Sensu, Graduados.

Vagas: Mínimo 05 e máximo 15. Serão oferecidas 7 vagas para externos.

A disciplina ofertará 01 vaga para Estágio em Docência e o pré-requisito é Ser aluno de doutorado, OU Já ter cursado a disciplina .

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